Os dias tendem a ter muita correria, hoje foi no sentido literal. Depois de tanto adiar devido aos afazeres do cotidiano, eu finalmente consegui sair para fazer caminhada. As 24 horas de um dia não dão conta de tudo que quero fazer ou que sinto que deveria fazer (eu nunca sei ao certo). Agora, acabei de finalizar a caminhada e já tenho que fazer outra coisa. Parece que está todo mundo preso nessa de “não posso parar”, mas não o pessoal na minha frente. Na reta oposta à entrada principal da Universidade Federal de Viçosa, um casal parou a moto, algo na lagoa despertou a atenção deles, sendo na UFV, só pode ser duas coisas: ou são capivaras ou é o jacaré.
Bom, não foi dessa vez que eu vi o lendário predador de Viçosa, mas ainda assim foi uma surpresa boa. Saí da calçada e atravessei a grama para ficar o mais perto possível sem deixar de lado minha segurança. Duas capivaras comiam grama na beirada da lagoa, enquanto outras três, bem juntinhas, se aconchegam com a bunda virada uma para outra. Quanta fofura em uma cena só. Além de mim e o casal na moto, tinha uma família também. Enquanto os pais explicavam o que eram bichos inusitados, o filho olhou para os animais com a curiosidade e a surpresa de quem está descobrindo algo totalmente novo.
No meu caso, era a segunda vez que as via, o que me fez pensar na pergunta que me fiz no primeiro contato com elas “será que vou continuar me impressionando quando vê-las novamente?”. Tinha me perguntado isso por acreditar que nunca devemos deixar de perder o encanto naquilo que é ou que se torna mundano e me preocupa que um dia eu possa me desencantar pelo meu mundo. Não quero deixar de ficar feliz quando tem strogonoff no RU, de me impressionar com a quantidade de árvores na UFV, de ficar ansioso pelo São João ou de pensar “meu deus que céu lindo!” toda vez que o céu tá lindo. Mesmo com a sensação de que deveria estar sendo mais produtivo, me dei um tempo para parar e ver as capivaras junto de pessoas que não conheço, mas que compartilham do mesmo apreço que eu. Hoje posso responder que elas ainda me impressionam, não como novidade que nem na primeira vez, mas com seus significados próprios. Espero que se um dia eu perder o encanto, uma criança lance o feitiço “o que são esses bichos?” me permitindo sentir o mundo novamente.