Os olhos azuis-acinzentados de Beatriz passeiam por todos os lados enquanto conversamos. Oscilando entre me fitar e observar o que nos cerca na cafeteria, as mãos dela gesticulam sem parar. “Sim, eu chamaria Viçosa de lar”, ela conta, após pensar um pouco na pergunta que lhe fiz. Nativa que sempre se viu cercada das mesmas pessoas, dos mesmos ciclos e momentos, na rotina de faculdade encontrou um novo desafio: sair da zona de conforto.
Mas como sair de algo que tanto lhe consome?
A questão do conforto é muito maior do que parece. Se por um lado, remete a não conseguir sair de uma situação que desperta segurança, com ela, isso também quer dizer querer sempre deixar os outros seguros. Satisfeitos. Bem. Em suas próprias palavras, “agradar a todo mundo um pouquinho”.
Bia não descansa enquanto não sabe que agradou, e que deu tudo certo, que deu o seu melhor. Não vê paz se não vê todo mundo satisfeito.
Com uma responsabilidade desse tamanho, para onde caminha Beatriz?
Caminha para onde mandar seu coração. Para a casa de uma amiga que até pouco tempo atrás era uma desconhecida (parte do processo de deixar as tais zonas de conforto). Para os momentos de silêncio em seu próprio quarto. Para a escrita, ver um bom filme ou ter uma conversa gostosa.
Caminha na curva do sorriso que ela abre tão fácil, no riso tão frouxo com a menor das bobeiras. Está ali, no contorno de seus olhos – que ganham o brilho extra de um lacrimejar ao me contar sobre pessoas e situações difíceis (aquela lágrima não caiu). Em tantos sentimentos que fervilham dentro dela.
Por fim, caminha por onde a coragem a levar. Seja para descobrir um pouco mais sobre o que realmente ama no curso de jornalismo, ou para falar, de verdade, tudo aquilo que dança e rodopia em sua mente.