Imponente, ela me olha de canto e me acompanha com seu par de jabuticabas de um lado ao outro. Além de moradora oficial do prédio, nos tempos livres é porteira, corre atrás das motos e até vem checar a qualidade dos deliverys que chegam todos os dias. Com seus pêlos curtos que têm um moreno iluminado e vai de um castanho bronze para alguns fios dourados, ela exibe-os para qualquer moça que esteja disposta a lhe dar atenção.
Quando está de bom humor, abana o rabo freneticamente e rebola seu traseiro gordinho de um canto ao outro. Se joga na grama e faz uma dança-louca de um lado ao outro, enquanto recebe carícias de mãos furiosas que tocam sua barriga. Se ela estiver nas suas sextas-feiras, é melhor que você nem chegue perto -principalmente se for homem-, aí é que ela não perdoa mesmo. Se está virada pra lua, late até de madrugada, ameaça morder e se você for louco o bastante para chegar perto da perna dela, com certeza está cavando sua própria cova.
Seu nome já é familiar tanto para ela quanto para qualquer moradora do alojamento. Pink é a cachorra mais amada da vizinhança e se sente pertencente a tudo, até porque ela é. Entra no prédio e sobe os degraus sem pedir autorização, faz de cada tapete de porta sua cama particular. Quando está frio, tampa o focinho preto entre as patas e se enrola numa posição que a proteja dos baixos graus de Viçosa.
Se você é estudante da Universidade Federal de Viçosa (UFV), provavelmente já encontrou com ela no Restaurante Universitário. Sua refeição favorita é frango assado e, misteriosamente, ela sabe exatamente o dia no cardápio. Se ela gostar de você, vai deitar o rosto na sua perna e te lançar aqueles olhinhos de piedade, e vai por mim, você não vai resistir ao chamego que só a Pink tem.
Caso encontre com ela algum dia, faça um carinho em suas orelhas e se possível ofereça um petisco, pode ter certeza que ela não vai se esquecer disso, sempre que te encontrar vai abanar o rabo e encostar em você, com um agradecimento amigo. Pink é uma cadela de personalidade forte e sempre muito receptiva, é mais humana do que muito humano que eu já conheci um dia.