Era Agosto, dia 23 do ano de 2020. Um formato completamente atípico do maior campeonato do mundo acontecendo, mas o planeta em si estava atípico. A grande pandemia do Covid-19 fez com que os torneios esportivos se colocassem mais distantes do que nunca do público, ainda mais para mim, que já lidava com a distância do oceano atlântico entre o Brasil e meu time do coração. Nesse ano, mesmo sem a torcida e sem os cantos e as bandeiras que sempre empurraram o Bayern de Munique pra frente, o clube conseguiu fazer a melhor campanha da história da Uefa Champions League, chegando invicto à final do campeonato para enfrentar o Paris Saint-German. Enquanto isso, eu, sentada no meu sofá, com as pernas cruzadas e meu cabelo preso, olhava aflita a televisão coberta por uma bandeira com o lema do time alemão “Mia San Mia” em branco, sobre um fundo vermelho.
O aperto que eu sentia no peito era facilmente notado por quem me acompanhava nesse momento: meu namorado. Ele, mesmo não sendo torcedor, estava ali comigo vestido com a camisa do Bayern, me assistindo, rindo da minha pressa em beber toda a cerveja que me servia e dizendo que a sede vinha da minha ansiedade.
O jogo “foi pegado”. É claro que eu gritava a cada finalização e, claro, não foram poucas. Um jogo marcado por 8 cartões amarelos e com equilíbrio técnico entre ambos os times me fez chorar de emoção quando, finalmente, aos 59 minutos, o atacante Coman abriu o placar pros alemães. Eu pulava abraçada ao meu namorado que sorria por me ver transbordando de felicidade. Nós entornamos bebida pela sala, certamente incomodamos os vizinhos do prédio, mas valeu a pena cada grito e cada lágrima de emoção vivida nesse dia, que não se resumiu apenas aos 90 minutos dentro das 4 linhas.