100 anos de servidão

100 anos de servidão

Análise feita por Julia Camim e Maíra Ferrari.

A reportagem, do Repórter Brasil, foi publicada em 17 de outubro de 2017 e escrita por Thais Lazzeri e as imagens são de Fernando Martinho, ambos os nomes aparecem no início da reportagem. Já a equipe de colaboradores aparece no final: João César Diaz, que editou os vídeos, e Datadot, design e desenvolvimento.

A grande reportagem trata da história dos extrativistas de origem indígena que, há três gerações, no Amazonas, trabalham no corte da piaçaba (palha da vassoura) e vivem aprisionados a um ciclo de dívidas com os patrões.

A estrutura narrativa se dá a partir das histórias de alguns piaçabeiros e suas famílias em blocos de textos seguidas de blocos de imagens com pequenos textos de contextualização ou vídeos com entrevistados que ajudam a entender melhor a situação dos trabalhadores. Além disso, há uma galeria de fotos, interativa, que possibilita um entendimento maior sobre como vive um dos casais que trabalha com a agricultura para sair da servidão por dívida. Há uma alternância entre as narrativas de vida e explicações mais gerais da temática, como por exemplo no bloco com subtítulo “o preço de servir”, tratando da economia da dívida em torno do ciclo da borracha.

Após a imagem inicial da reportagem, ao rolarmos a tela, surge um vídeo (sem som) de um rio e, sobreposto a ele, uma animação contendo o mapa do Brasil. O mapa é aproximado para a região norte, mais especificamente no Amazonas, e foca no Rio Negro, apontando alguns municípios e comunidades ao seu redor, sendo que Campinas do Rio Preto e Tapera estão destacados. Esse recurso multimídia nos localiza geograficamente e ajuda a compor a narrativa no momento em que permite ao leitor não só ler, mas ver onde estão as personagens da história.

Automaticamente, após a exibição do mapa, surge um subtítulo com o mesmo vídeo ao fundo e somos levados para a próxima parte da história. Toda a estrutura é vertical, então a continuação do conteúdo “sobe”. Tal conteúdo é separado entre texto, que contém uma narrativa maior, e composição entre imagens e pequenos textos (ambos se complementam, sendo a imagem relativa ao que está escrito) que trazem informações mais gerais, não tão aprofundadas sobre uma personagem específica, e que permitem o entendimento básico da história, para quem lê apenas essas partes. O funcionamento é de paralax scrolling, a tela fica fixa, não “desce”, apenas o texto sobe e as imagens surgem de acordo com a mudança. Outra função desses trechos com imagens é trazer um significado visual ao que está sendo dito também em outras partes da reportagem, como se explicasse alguns conceitos ou contextualizasse, como por exemplo o significado de “Toneladas de piaçaba”.

Além das personagens, aparecem também como fontes alguns especialistas, por exemplo o pesquisador Márcio Meira (ex-presidente da Funai) e o coordenador do programa de combate ao trabalho forçado da Organização Internacional do Trabalho no Brasil, Antônio Carlos de Mello. Essas fontes confirmam a prática como uma servidão por dívida e são importantes para trazer credibilidade à reportagem.

Os vídeos, curtos, com menos de 1 minuto e meio, que compõem a grande reportagem com entrevistas de piaçabeiros dão auto-play e servem para que possamos identificar as personagens, trazendo um apelo emocional, além de complementar a narrativa a partir do momento em que traz falas e imagens dos locais citados. Tanto os vídeos quanto as fotos têm uma alta qualidade técnica, seja visual ou de áudio.

Gravação de tela contendo parte da reportagem para exemplificar a análise

julia camim

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