O racismo dentro e fora da realeza britânica

O racismo dentro e fora da realeza britânica

No dia 7 de Março de 2021, a ex-atriz Meghan Markle e seu marido Príncipe Harry concederam uma entrevista exclusiva à consagrada apresentadora norte-americana Oprah. O casal, que se casou em 2018, anunciou sua saída da lista de membros ativos da realeza britânica em março de 2020. Em sua entrevista, Meghan, uma mulher negra, chocou Oprah ao contar que durante a sua gravidez, em 2019, houveram conversas na realeza sobre o possível tom de pele do seu filho com Harry, o pequeno Archie.

É com esse gancho que BBC News produz a matéria “My family didn’t want me to exist”, em português, “Minha família não queria que eu existisse”. Três mulheres negras, duas delas vindas de uniões biraciais, Kayla e Sadie, e uma adotada por uma família branca, Anna, são entrevistadas sobre casos de racismo que vivenciaram em suas próprias famílias.

Kayla é londrina e filha de um pai negro e uma mãe branca, e ao ser perguntada por exemplo de racismos sofrido por seus próprios parentes, menciona comentários a respeito de seu cabelo. “Ela só tem cabelo bom por conta do lado branco dela”. Para ela, é interessante questionar sobre o racismo sofrido, pois ela sabe que seus parentes a amam, mas ainda assim, eles não gostam de uma parte [negra] dela. Logo, questiona “quanto eles realmente te amam?”

A segunda entrevistada é Sadie, também filha de mãe branca com pai negro. No caso dela, a jovem de Plymouth (Inglaterra) reflete sobre os preconceitos e abusos físicos sofridos pela mãe ao engravidar de um homem negro. É a partir de falas de seu depoimento que somos apresentados ao título dessa produção. Sadie não tem dúvidas que a família a ama, mas ainda assim, há uma parte que a machuca, pois ela sabe que “eles não queriam que eu existisse”.

Já Anna, diferente das demais, é uma mulher negra adotada por pais alemãs brancos. Durante boa parte da sua infância e adolescência, sentia a necessidade em ser branca, pois sabia que seria muito mais fácil de conviver em sociedade. Hoje, se reconhece como uma mulher negra orgulhosa de sua cor e trajetória. Mas isso não muda o fato de ter ouvido de seus próprios parentes “quando você volta para a África?”, continente do qual seu país natal, Libéria, faz parte.

Apresentado pelo repórter Ashely John-Baptiste, o conteúdo foi produzido tanto para a conta no Instagram do jornal britânico quanto para seu portal online. Logo, percebemos uma preocupação com que a produção estivesse adequada a cada uma das plataformas. Uma mesma entrevista realizada por meio de vídeo-chamada em meios eletrônicos, como celular e/ou notebooks, foi adaptada para o tamanho correto a fim de otimizar e facilitar o consumo do leitor.

Nos primeiros segundos de vídeo, somos alertados com a mensagem “Warning: contains some strong language”, ou seja, “Atenção: contém linguagem forte”. Assim, caso o conteúdo venha a afetar o consumidor de alguma forma, ele estará ciente desde o início.

Sem uma edição extravagante, a BBC nos apresenta um conteúdo rápido, de menos de cinco minutos, com imagens, vídeos e legenda para acessibilidade. A partir de um dos assuntos mais comentados nas redes sociais nas últimas semanas, permitiram uma aproximação com a realidade de mulheres britânicas e que não fazem parte de qualquer realeza. Então sim, o racismo existe dentro e fora do Palácio de Buckingham.

Exercício realizado por Jéssica Morgenia e Letícia Passos

Jéssica Morgenia

Estudante de Comunicação Social - Jornalismo UFV

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