Tratamento de pessoas transgênero no sistema de saúde pública (SUS) cai drasticamente na pandemia
Em reportagem, publicada no dia 29 de janeiro de 2021, a Gênero e Número destaca dados sobre a saúde da população transgênero brasileira em meio a pandemia. A matéria também revela como a descontinuidade dos tratamentos cria um grande risco, uma vez que a saúde integral e transversal para esta comunidade é de suma importância.
A Gênero e Número é uma empresa social que tem como missão analisar e visibilizar dados que revelam desigualdades. Com jornalismo orientado por dados e análises, a plataforma qualifica e debate sobre questões de gênero, raça e direitos.
A base de dados analisada, para entender a realidade da comunidade no Brasil, foi a DataSus, órgão da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, que se responsabiliza em coletar, processar e disseminar informações sobre saúde.
Com a apuração nesta base, foi possível identificar a relação entre tipos de procedimentos para homens e mulheres trans numa linha temporal entre 2014 e 2020. De acordo com a matéria, o processo transexualizador foi instituído pelas portarias nº457 e 1.707, em 2008 no SUS, mas somente em 2013 foi ampliado e redefinido pela portaria nº 2.803. E os dados do procedimento na base DataSUS aparecem só a partir de 2014.
A base conseguiu responder perguntas sobre quais procedimentos e tratamentos eram feitos de forma contínua, tanto para homens, quanto para mulheres. Foi possível perceber também a relação assimétrica entre o processo transexualizador, a terapia medicamentosa hormonal e o acompanhamento do usuário no processo.
A matéria não explica sua metodologia, no entanto, disponibiliza no final um link para acessar a base de dados da reportagem em uma planilha do Excel. Esta matéria está na categoria “Dados abertos”, na qual todos os conteúdos publicados possuem acesso para uma base criada pela Gênero e Número.
Os dados aparecem na matéria logo no início, inclusive no título. Eles são trazidos de modo que sustentam a argumentação da queda dos tratamentos e procedimentos no sistema público de saúde. No meio da matéria eles voltam em formato de infográficos. Veja.
Além dos dados da base do DataSus, foram consultados o médico psiquiatra, professor de Saúde LGBT+ e um dos editores do livro recém-lançado “Saúde LGBTIA+ práticas de cuidado transdiciplinar”, Saulo Vito Ciasca; Jill Moraes, 57 anos, que participa do programa de hormonioterapia desde sua criação, 2015, na Unidade de Saúde Básica (UBS) de Santa Cecília; a jovem trans Hannah Sttella Macario Cipriano Lourenço e Silva, 28 anos, que é atendida pelo programa de hormonioterapia da UBS de Santa Cecília desde 2017; a vereadora Erika Hilton (PSOL), primeira mulher trans negra eleita na capital paulista; e Marina Reidel, mulher trans e diretora de Promoção de Direitos LGBT do Ministério.
Estas fontes foram trazidas de modo que mostravam os riscos da queda dos procedimentos para a comunidade trans e a importância de buscar por direitos assegurados na Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, instituída pelo Ministério da Saúde em 2010. Na qual prevê a instituição de mecanismos de gestão para atingir maior equidade no SUS, a ampliação do acesso da população LGBT+ aos serviços de saúde e a qualificação da rede de serviços para a atenção e o cuidado integral à saúde da população LGBT+.