Por que o diploma ficou mais longe?
Em 2011, 3397 estudantes ingressaram na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Destes, 464 eram de cursos de licenciaturas – Geografia, Letras, História, Pedagogia, Educação Infantil, Dança e Ciências Sociais – do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH). Já em 2012, o número total de estudantes que ingressaram na universidade caiu para 3177. Essas informações constam no Portal de Dados Abertos da UFV, que, desde 2018, disponibiliza documentos e dados abertos sobre a instituição publicamente.
Com base nesses dados, é possível estabelecer uma comparação entre a quantidade de estudantes que entraram na universidade e os que se formaram nos 4 anos posteriores, tempo regular para a conclusão dos cursos analisados. A análise dos dados mostra que 38% dos estudantes de Ciências Humanas não concluíram o curso no período pontual da graduação. Isto se deve, principalmente, a atrasos ou evasões.
Também é possível perceber que o número de alunos dos cursos que oferecem dupla habilitação (licenciatura e bacharelado) e que não concluíram a graduação no tempo determinado pela universidade é 197,5% maior que o dos estudantes de cursos com apenas uma habilitação (bacharelado).
Gráfico comparativo entre as porcentagens de alunos que não se formam no período regular nos cursos de licenciatura e bacharelado e alunos que não se formam no período regular apenas nos cursos de bacharelado. Dos 318 estudantes que não concluíram no período regular, 238 são de cursos que oferecem dupla habilitação (licenciatura e bacharelado), e 80 de cursos com apenas uma habilitação (bacharelado).
Educação Infantil, Geografia e História são os cursos em que há maior discrepância entre os números nos períodos de 2010-2014, 2011-2015 e 2012-2016.
Relação de alunos que entraram nos cursos de licenciatura em 2011 e alunos que formaram em 2015.
Relação de alunos que entraram nos cursos de licenciatura em 2012 e alunos que formaram em 2016.
Alguns problemas podem influenciar consideravelmente a evasão no ensino superior em instituições públicas, como a baixa qualidade do ensino médio no Brasil, problemas de saúde ou familiares e gravidez inesperada.
Um fator crucial para a evasão no ensino superior é a necessidade de trabalhar. Alguns estudantes precisam se sustentar financeiramente e não conseguem conciliar as atividades.
É o caso de Diogo Trindade, estudante de Pedagogia. Ele começou o curso em 2016, mas destaca que por motivos financeiros ainda não conseguiu concluir a graduação. Por não conseguir uma bolsa na UFV, ele precisa trabalhar para se manter, já que os pais não conseguem dar a ele um suporte financeiro suficiente. “Sem trabalhar, não tem como estudar. Eu prefiro atrasar o curso e ter condições de me manter aqui do que abandonar o curso de vez”, afirma o estudante.
Além disso, Diogo sentiu dificuldade de realizar o estágio obrigatório nas escolas da cidade, o que também contribuiu para o atraso.
A professora Joana D’Arc Germano Hollerbach, do curso de Pedagogia da UFV, alerta que ainda que a dificuldade de conciliar trabalho e vida acadêmica seja um fator importante, ele não é o único que provoca evasão.
Nesses casos, a oportunidade de transferência interna na universidade pode manter estudantes que, ao longo da graduação, se identificaram com uma área de estudo diferente da qual estão.
Alunos: Bárbara Pinheiro, Gabriel Maximo, Suellen Gonçalves, Vitoria Fantuzi