3 Minutos de Expressão: conheça o Slam

3 Minutos de Expressão: conheça o Slam

Com grande influência da cultura Hip-Hop, o Poetry Slam, ou batalha de poesia, vem conquistando cada vez mais popularidade no Brasil e no mundo.

As batalhas de poesia, também conhecidas como Poetry Slam ou simplesmente Slam, são competições que acontecem em espaços urbanos, em que poetas recitam ou lêem, sem acompanhamento musical, poesias autorais. As apresentações são avaliadas por jurados selecionados durante o evento ou preestabelecidos pela organização. Criado nos anos 80, atualmente o Slam é a modalidade mais popular de competição de poesia do mundo.

Origem

Em 1984, o poeta Marc Smith criou o Slam, com a intenção de popularizar os recitais de poesia e levar cultura a um público que não estava inserido nas universidades e em outros espaços culturais elitizados. Com o passar dos anos o Slam se espalhou pelo mundo chamando atenção dos poetas e dos amantes da arte. Atualmente a maior competição de Slam do mundo é a La Coupe Du Monde, que acontece anualmente na França, onde competem poetas de diversas nacionalidades.

O Slam no Brasil

O primeiro Slam brasileiro foi criado em 2008 pela atriz e cantora Roberta Estrela D’alva em conjunto com o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. Roberta criou o ZAP!, também conhecido como Zona Autônoma da Palavra, após uma viagem que fez para os Estados Unidos, onde presenciou pela primeira vez a modalidade. Depois de voltar de viagem, Roberta percebeu que não havia nada no Brasil que fosse parecido com o Slam foi então que ela decidiu iniciar o projeto. Após a criação do ZAP! Slam, essa modalidade se popularizou por diversas cidades e estados brasileiros e em dezembro de 2020 já haviam 200 comunidades de Slam em todo país, espalhadas por 20 estados brasileiros. Os vencedores de cada comunidade competem em campeonatos estaduais e os vencedores de cada estado participam do campeonato Slam BR – Campeonato Brasileiro de Poesia Falada, que acontece anualmente em São Paulo.

Aqui no Brasil o Slam se popularizou principalmente entre os jovens consumidores da cultura Hip-Hop, muito disso se deve pela semelhança que o Slam tem com as batalhas de rap. Assim como nas batalhas de rap, o Slam está intimamente ligado à cultura de rua, e os competidores  utilizam do espaço para discutir suas vivências de forma artística, incorporando críticas sociais em suas obras.

Mesmo se assemelhando às batalhas de Rap, o Slam tem três regras básicas que diferenciam as competições.

  • Os poemas têm que ser de autoria própria
  • Cada competidor tem três minutos para se apresentar.
  • Os competidores devem se apresentar sem o auxílio de acompanhamento musical e figurinos ou acessórios.

O caminho até o nacional

Para os poetas que desejam chegar aos campeonatos estaduais e então disputar por uma vaga para o SLAM BR – Campeonato Brasileiro de Poesia Falada, os participantes devem antes de tudo conquistar sua vaga vencendo os slams que acontecem durante o ano em todo país.

Um exemplo desses slams que acontecem pelo Brasil é o Slam Akewí, que acontece em Viçosa – MG. Criado por Clara Costa, ex-aluna de Ciências Sociais da Universidade Federal de Viçosa, com a ajuda de suas amigas Isabela Kaila e Geovanna Januário, o projeto foi iniciado dentro de uma escola pública da cidade, com o intuito de incentivar os alunos a se expressarem de forma artística. Atualmente o projeto acontece toda última sexta-feira do mês no DCE da Universidade Federal de Viçosa, e a cada edição a competição fica maior e ganha mais vida através da voz dos poetas. O Slam Akewí é o caminho para os poetas que moram na cidade de Viçosa e desejam chegar ao campeonato estadual.

Em entrevista com uma das organizadoras do projeto ela nos contou um pouco mais sobre o Slam Akewí.

Repórter: Quais as inspirações e ideias por trás do Slam Akewí? 

Isabela: Percebemos que aqui existe uma falta grande de cultura e lazer. É uma cidade que não tem uma biblioteca pública, parque. Vimos que as batalhas de MC que rolavam na cidade eram um local de lazer e expressão pros jovens, e a ideia surgiu daí. Como o movimento Slam tava crescendo no Brasil a gente resolveu trazer isso pra cá. E também era uma forma de fazer uma ponte entre a cidade e a universidade. A ideia era levar o Slam pras escolas de Ensino Médio. Começamos com isso na Escola Estadual Raul de Leoni, e recebíamos auxílio do Pibid com os materiais necessários, sem o auxílio ficou inviável para nós. Mas a ideia é conseguir um apoio pro projeto e voltar pras escolas. 

Repórter: Quais os temas abordados no Slam? 

Isabela: Normalmente é feito de poesia marginal, são abordadas questões sociais, o local da mulher negra na sociedade, machismo, política, etc.

Assim como o Slam Akewí existem diversas comunidades de Slam espalhadas por todo o Brasil, que são uma ótima alternativa tanto para aqueles que querem competir e expressar sua arte, quanto para os que gostam de apreciar uma boa poesia.

Texto publicado originalmente na edição nº55 do jornal OutrOlhar – Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa. Leia o texto original abaixo:

joaomfp

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *