Os desafios do handebol viçosense
O Vem Pro Hand é uma associação que trabalha com handebol feminino na cidade de Viçosa O projeto teve início em 2015 e foi criado pelo treinador Cláudio Martins (Dioei). Apesar de todo empenho e gratificação em fazer parte do projeto, o treinador enfrenta algumas dificuldades decorrentes da falta de verbas destinadas ao esporte, o que consequentemente acarreta em problemas no espaço de treinamento, viagens para disputas e aquisição de materiais para as atletas treinarem. – Estamos tentando sobreviver, mas está difícil – complementa Dioei.
Formado exclusivamente por meninas, na época de sua criação, a iniciativa visou dar continuidade a uma outra atividade coordenada pela Prefeitura Municipal de Viçosa, na época, denominada projeto Bom de Nota Bom de Bola (PBNBB), no qual Cláudio exerceu o cargo de monitor por quatro anos. Enquanto treinador das meninas do PBNBB, Dioei participou de quase todos os Jogos Escolares Viçosenses (JEV’s) e os Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG). Com a intenção de dar continuidade ao sucesso trilhado, ele reuniu várias meninas de diferentes idades e assim nasceu o projeto Vem Pro Hand. No início, a equipe contava com 16 atletas. Atualmente esse número aumentou para 48 garotas, entre 11 e 25 anos.
– Nos anos anteriores a criação do Vem Pro Hand, apesar de o handebol ser tradicional em Viçosa, foi perdendo espaço, principalmente devido à falta de interesse e o pouco tempo dos professores. Antes as escolas tinham de apresentar uma diversidade de esportes, e por isso o handebol tornou-se tradicional e com um nível excelente na cidade e na região. Hoje as escolas tentam trabalhar com aquilo que podem e que dá tempo. Também temos de lembrar que as instituições públicas não recebem nada para treinar equipes – explica Cláudio.
A capitã da equipe escolar do Vem Pro Hand, Jallusa Teixeira, conta que antes do projeto nem tinha conhecimento do esporte e a paixão veio com o convite de Dioei para fazer parte do time. – Acho que é um projeto bem interessante, que incentiva as meninas a praticarem um esporte, a fazerem parte de um time. O projeto me ajuda a ter mais responsabilidade e saber conviver melhor com outras pessoas. Eu acho que a iniciativa deveria ser mais valorizada, receber mais ajuda. Precisamos de investimento pois sempre aparece campeonato em cidades próximas, e quase sempre não vamos por falta de dinheiro para condução e alimentação. E quase todos os campeonatos são para representar o nome da cidade – finaliza Jallusa.
CIDADE SE DESTACA NOS JOGOS ESCOLARES DE MINAS GERAIS
Os Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG) é uma ação do Governo de Minas que reúne escolas públicas e privadas dos municípios do estado. O handebol viçosense já teve participações importantes na competição. Em 2012 a cidade foi representada na categoria masculina pelo Colégio Equipe e consagrou-se com a segunda colocação na disputa da etapa microrregional. No ano de 2013 a Escola Estadual Effie Rolfs obteve o segundo lugar também na microrregional. Nos anos de 2013, 2014, 2017, 2018, 2019, Viçosa foi representada nos JEMG’s pela Escola Estatual Dr. Raimundo Alves Torres (ESEDRAT) na categoria feminina ficando com a quarta colocação.
MESMO IGNORADO, HANDEBOL BRASILEIRO MOSTRA SUA FORÇA
Esporte muito praticado no Brasil, a modalidade, apesar de não ser muito divulgada pelas mídias, é a segunda mais jogada nas escolas brasileiras. No ano de 1979, foi criada a Confederação Brasileira de Handebol, que organiza a prática no país, ajudando a desenvolver jogadores e até elaborando campeonatos, além de instituir uma seleção nacional.
Nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, o handebol feminino outra vez bateu na trave e ficou sem medalha, apesar de uma boa geração de craques e ótimas atuações.
A seleção masculina brasileira de handebol é uma grande potência sul-americana e já conquistou medalhas de ouro em três Pan-Americanos, além de ter se sagrado campeã Sul-Americana, em 2003 e nos Jogos Sul-Americanos, em 2015. Já a seleção feminina está entre as maiores forças do esporte nacional na atualidade, tendo também conquistado cinco medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos, várias conquistas nos campeonatos sul-americanos e o título do Campeonato Mundial de Handebol Feminino, em 2013, na Sérvia. E não é só no futebol que o Brasil produz os melhores do mundo. A Federação Internacional de Handebol elege todos os anos o melhor jogador da temporada e as brasileiras Alexandra Nascimento (SP) e Duda Amorim (SC) já conquistaram esse prêmio, em 2012 e 2014, respectivamente. Nos campeonatos mundiais a Rússia é a maior campeã entre as mulheres, com quatro conquistas, e a França entre os homens, com seis. Estes feitos, lamentavelmente, pouco abordados pela mídia esportiva, principalmente em rede aberta, e os canais fechados que transmitem jogos e dão alguma atenção ao handebol ainda assim não são o suficiente.
Texto originalmente publicado aqui.