Limites do humor
“A piada continuará existindo enquanto tiverem pessoas rindo dela, mas podemos consumir e produzir humor de qualidade.”
No momento de pandemia que vivemos o humor por muitas vezes é a válvula de escape. O aumento de artigos sobre como “rir é o melhor remédio”, a forma como memes têm uma capacidade analgésica vem crescendo cada vez mais e o aumento de usuários em plataformas como o TikTok são sintomas disso. No entanto, a discussão que nunca morre é a de onde o humor deixa de ser engraçado e passa a ser ofensivo.
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Vem algo à sua mente ao ouvir o nome Leo Lins? Talvez, se você gosta de stand-up comedy, já assistiu The Noite, apresentado por Danilo Gentili, ou se está antenado no Twitter já tenha se deparado com ele. Leo, que se intitula rei do “humor negro” na sua bio do Instagram, ficou conhecido na internet em 2007 e, desde então, já trabalhou no Domingão do Faustão, Legendários, A Praça é Nossa e atualmente está no programa The Noite. Mas porque falar de Leo Lins e usá-lo como exemplo quando o tema é o limite do humor?
Para divulgar seu novo show de stand-up, intitulado Perturbador, e chamar atenção do público para o seu post, Leo usou a foto da modelo pluz size Bia Gremion. Na foto, ela levanta a bandeira de que pessoas gordas merecem afeto, e que está tudo bem se forem maiores que seus parceiros. A intenção de ser engraçado, usando o corpo de Bia para se promover, causou uma comoção nas redes sociais e rendeu ataques à Leo. Ele, percebendo o buzz em cima da gracinha, fez novamente outra piada gordofóbica. Desta vez, postou uma foto da influenciadora Pati Quantel usando uma camisa com a estampa “Fica com Deus porque comigo não vai rolar”, e colocou na legenda, de forma sarcástica, “Gostei dessa camiseta, onde encontro?”. Diversos seguidores do humorista foram atacar o perfil de Pati com comentários gordofóbicos. Após as diversas críticas recebidas, Leo apagou a foto. Mas está tudo bem, né? “Foi só uma brincadeira”.
Repensando o humor
O documentário O Riso dos Outros, dirigido por Pedro Arantes, e exibido em 2012 pela Tv Câmara, discute quais são os limites do humor. Personalidades como Laerte Coutinho, Jean Wyllys, Rafinha Bastos, dentre outros, participaram do filme, e, em certos momentos, Leo Lins aparece fazendo piadas de cunho preconceituoso. Uma dessas piadas se baseia em ele não entender o porquê de uma pessoa negra fazer tatuagem, sendo que, para ele, seria o mesmo que “riscar um avatar de caneta bic”.
A piada, segundo o documentário, precisa de uma vítima, uma situação, e usar uma categoria de pessoas marginalizadas socialmente, como negros, mulheres, a população LGBTQIAP+, deficientes, categoriza o tipo mais baixo de humor. O comediante não precisa se esforçar muito para fazer outra pessoa rir dizendo que certos torcedores de um determinado time são “viados” ou falando que uma “mulher feia” teria de agradecer um estupro, por ser feia, e essa ser a única chance dela fazer “sexo”. Esse tipo de “humor” não exige muito da parte cognitiva de quem reproduz a piada, nem de quem a escuta.
É aí onde o problema reside. Na perpetuação de certas culturas e valores através de uma “simples piada”. O documentário mostra que a piada continuará existindo enquanto houverem pessoas rindo dela. Produzir piadas em cima de minorias é fácil, difícil é elaborar um texto humorístico inteligente, que critique algo que precisa ser observado, mudado, em nossa sociedade. Mas não estou aqui querendo podar o conteúdo que você consome; o meu objetivo é levantar a seguinte reflexão: até que ponto uma piada é só uma piada?
Como diz o político Jean Wyllys no documentário:
“Acho que os humoristas, comediantes, eles têm que ter liberdade mesmo de fazer a piada. Agora, eles não podem achar que não tem que ser contestados. Porque esse é o problema, é querer fazer a piada e não querer ser contestado. É fazer a piada, ofender um coletivo e não querer que esse coletivo reaja. […] Você tem todo o direito de fazer sua piada. Agora, pague o preço de ser chamado de babaca, de racista, de homofóbico, de sexista; se defenda, se explique, refaça, reveja seu humor”.
Texto original disponível em Revista PH Rolfs | Nº 8 | Ano 8 | Dezembro 2020 .