Compartilhar para vencer: Economia Solidária

Compartilhar para vencer: Economia Solidária

Em um contexto de crise nacional, iniciativas de apoio aos cidadãos de Viçosa têm contribuído para oferecer uma nova fonte de renda, essa iniciativas giram em torno do termo: economia solidária, forma de gestão que vem se mostrando como uma alternativa vantajosa para muitas pessoas.

Mas o que é economia solidária?

De acordo com a professora Bianca Lima, do Departamento de Economia Rural da UFV, a economia solidária pode ser definida como um conjunto de iniciativas econômicas administradas pelos próprios funcionários, baseada em princípios democráticos. A professora explica ainda que esse contexto de solidariedade é capaz de gerar renda e inclusão, tornando a economia “mais humana”.

Além de professora da UFV, Bianca também é coordenadora da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP), um programa que mobiliza e acompanha grupos populares seguindo os princípios da economia solidária. A feira chamada “Quintal Solidário” é uma das principais atuações do ITCP no momento, promovendo a comercialização de produtos artesanais, hortaliças e legumes de pequenos agricultores.

Como ela muda vidas?

A artesã Josemeire Dourado, presidente da Associação de Artesãos de Viçosa (Adav) e representante da Organização no Quintal Solidário, relata a importância do movimento para a economia viçosense. Ela frisa que as oportunidades de participação em feiras e eventos fazem com que o dinheiro circule na cidade, pois muitas artesãs compram o material de trabalho, pagam seus aluguéis e suas contas com esse dinheiro, assim movimentando a economia local.

“O Quintal é tudo na minha vida. O espaço fez com que o projeto se tornasse maravilhoso, porque nós fizemos do projeto uma família, todo mundo se conhece e se ajuda. O Quintal ficou muito além de uma feira para nós”, diz a artesã Tatiana Maciel, uma das colaboradoras da ADAV, ao se referir ao Quintal Solidário. Ela participa há mais de seis anos no projeto e é uma das principais responsáveis por melhorar a venda dos artesanatos na feira. Os artesãos, como Josemeire e Tatiana, representam 17,9% dos empreendimentos de economia solidária segundo o IBGE.

Clientes da feira Quintal Solidário consomem os produtos artesanais vendidos pelas
associações.

O que a prefeitura Viçosense faz para ajudar?

O estado pode ser um do principais apoiadores de projetos pautados em economia solidário, a Rita Fialho, Secretária de Desenvolvimento Econômico da prefeitura de Viçosa, nos contou algumas das atuações do município nessa área. Atualmente, dentre os principais projetos, estão:

  • Valorização da bacia leiteira;
  • Marketing para o comércio local;
  • Feira de artesanato na praça Silviano Brandão;
  • Cursos de artesanato com recicláveis;
  • Cursos de corte e costura gratuitos para a população e para detentos
Feira da ADAV na praça da Igreja Matriz, no centro de Viçosa.

Rita disse que pretende criar mais feiras como o Quintal Solidário, levando a prática para mais regiões da cidade. Uma consequência positiva destas iniciativas é a possibilidade de levar mais produtos de Viçosa para outros lugares, como ocorre em Prados, município do sul de Minas Gerais conhecido pelo trabalho artesanal em entalhes de madeira.

O contexto econômico do Brasil provocou um aumento nos números de pobreza nacionais. Segundo o IBGE, entre 2020 e 2021 houve um crescimento aproximado de 50% no número das pessoas que vivem em situação de miséria no país, com 3 em cada 10 pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. No estado de Minas Gerais, a taxa de extrema pobreza é de 9,93% para o mesmo período. Já em Viçosa, quase 3 mil famílias vivem em extrema pobreza na cidade, de acordo com dados extraídos do CadÚnico em 2021.

Portanto, com esses dados sabemos da importância que projetos pautados em economia solidária podem ter na vida das pessoas, porém eles devem podem alcançar ainda mais pessoas. Deste modo, a professora Bianca ressalta as possíveis vias para o crescimento deste modo de empreendimento: “para a economia solidária alcançar mais pessoas, são necessárias mais políticas públicas de incentivo à qualificação, acesso à crédito e giro de capital, para assim todos conseguirem iniciar um empreendimento coletivo”.

Quer saber mais? Ouça a radio reportagem dessa matéria:


Reportagem original:

Gabriel Felix

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *