EMICIDA: AMARELO – É TUDO PRA ONTEM e a visibilidade periférica
QUAL O PROJETO E O CONTEXTO?
O projeto do cantor Leandro Roque de Oliveira, mais conhecido como Emicida, conta com um programa de televisão, dois podcasts, um álbum com 11 faixas e videoclipes, um documentário original, além de inúmeros conteúdos nas redes sociais e uma coleção de moda e acessórios.
A obra ganha ainda mais destaque ao ter seu show de lançamento no Theatro Municipal de São Paulo – lugar construído por pretos em 1911 e que, até então, era ocupado apenas por pessoas brancas e ricas. O lugar do show representa não somente um aumento da visibilidade negra, mas um símbolo de fraternidade e resistência, que enfrenta a invisibilidade da periferia, que teve, por muitos anos, sua história apagada e violentada.
“Às vezes as pessoas acreditam que, do meu ponto de vista, um lugar como o teatro municipal não tem o direito de existir porque ele é um lugar que representa a exclusão, mas não, é o extremo oposto!”
Emicida, 2020
O AUDIOVISUAL
A obra audiovisual é separada em três atos que fazem alusão às etapas da jardinagem: plantar, regar e colher. No primeiro, há um contexto histórico, resgatando a história do samba e a representação negras na formação do país.
No ato regar, o rapper direciona o destaque para o ativismo negro brasileiro, trazendo o Movimento Negro Unificado e histórias como a do Theatro Municipal. Por último, o ato colher demonstra como os espaços foram sendo ocupados e se dá a consolidação do projeto como um meio dos jovens expressarem seus sentimentos e dificuldades.
MORAL DA HISTÓRIA
O rap de Emicida se afirma como método de dar esperanças de ascensão e prosperidade, assim como mostrar o poder que cada indíviduo da periferia possui e, além disso, apresenta-se como um lugar seguro de reconhecimento e denúncia das violências sofridas no cotidiano. O rap se torna a voz do povo gritada em rimas e versos que contam a história de uma sociedade e mudam o futuro de quem cresce nela.