Estado que mais utiliza o ID Jovem traz um Índice de Adesão de apenas 11,23% – Entenda a importância deste documento no contexto da permanência universitária

Estado que mais utiliza o ID Jovem traz um Índice de Adesão de apenas 11,23% – Entenda a importância deste documento no contexto da permanência universitária

No contexto de cidades universitárias, que possuem moradores de diversas regiões do país, programas do governo que possibilitam algum tipo de auxílio ou políticas públicas para a parcela de baixa renda são fundamentais para a permanência de diversos estudantes. Isso porque, além do apoio que a própria Universidade pode oferecer, existem questões mais complexas e que envolvem, principalmente, aqueles que estão vindo de longe para estudar.

Como o público universitário é composto majoritariamente pela juventude, um dos principais elementos que promove políticas de permanência complementares às da instituição seria a Identidade Jovem – mais conhecida como ID Jovem. O documento é uma iniciativa do Ministério dos Direitos Humanos (MDH) e possibilita, desde descontos em eventos culturais e esportivos, até a possibilidade de vagas gratuitas no sistema de transporte coletivo interestadual.

(Banner de divulgação sobre o ID Jovem. Arte por: Leonardo Amorim)

Para realizar o cadastro do ID Jovem, o usuário deve ser beneficiário do CadÚnico, que é uma política pública do governo federal para fins de inclusão em programas como esse, e ter entre 15 a 29 anos, com renda familiar de até dois salários mínimos. Assim, basta que o indivíduo realize o cadastro pelo aplicativo ou pelo site do ID Jovem e mantenha a renovação a cada seis meses.

Desafios na adesão nacional ao ID Jovem

Mas, embora ofereçam muitos benefícios, percebe-se que programas como o ID Jovem não têm uma adesão significativa. O infográfico abaixo exemplifica isso:

Para a obtenção dessas informações, analisamos a planilha de novembro de 2022 com o relatório do ID Jovem, disponível no site do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH).

Podemos observar que o maior índice de adesão ao ID Jovem está em Rondônia, com a porcentagem de 11,23% de adesão entre aqueles que podem se beneficiar do programa, enquanto o menor é do estado do Amazonas com 0,72%. Já o cenário de Minas Gerais traz uma taxa de 4,02% de adesão, uma porcentagem que, apesar de demonstrar uma parcela pequena dos possíveis beneficiários que realmente utilizam o ID Jovem, traz o 5º maior índice de adesão do país.

O Impacto Local: Caso Viçosa – MG e Entrevistas Exclusivas

Em Viçosa – MG, mais precisamente na Universidade Federal de Viçosa, não é possível determinar o número de jovens que poderiam usufruir do benefício, já que a instituição não utiliza o Cadastro Único como critério de matrícula pelas Leis de Cotas. No entanto, após uma filtragem de dados na planilha de estudantes ingressantes, disponibilizada pela Pró-Reitoria de Ensino da UFV, observamos o número de 950 alunos que atendem aos requisitos: morar fora de Minas Gerais e ter entre 15 e 29 anos. Com isso, a estimativa de estudantes matriculados no campus Viçosa em 2023 que teriam acesso ao ID Jovem é de 100 pessoas, como evidenciado no infográfico abaixo:

Segundo Eliane Márcia dos Santos, assistente social da Secretaria Municipal de Assistência Social de Viçosa, um dos possíveis fatores que influenciam nesse índice de baixa adesão é o desconhecimento desse direito por parte dos jovens de 15 a 29 anos, devido à falta de divulgação ou, até mesmo, do entendimento e reconhecimento das informações necessárias para a elaboração do ID Jovem. Além disso, outro motivo relacionado ao baixo índice é a falta de atualização do CadÚnico que deve acontecer a cada 24 meses.


Este cenário pode ter implicações significativas na vida de jovens como Gabriel Félix, estudante de Jornalismo na UFV que se mudou de São José dos Campos – SP para Viçosa – MG.

Gabriel Félix, 20 anos

Na entrevista a seguir, Gabriel Félix compartilha sua experiência e perspectivas sobre o ID Jovem, destacando as vantagens sobre custos e deslocamento, além de considerar alguns fatores negativos que permeiam o documento.


Matheus Santiago, estudante do curso de Serviço Social na UFV, é o nosso próximo entrevistado. Originário de Eunápolis – BA e atualmente em Viçosa – MG, Matheus não só trilhou a jornada acadêmica na Universidade como também faz uso dos serviços de moradia e alimentação oferecidos pela instituição. Essa vivência acrescenta camadas à relevância do ID Jovem em seu contexto universitário.

Matheus Santiago, 21 anos

Na entrevista Matheus compartilha sua perspectiva sobre como esse benefício específico se reflete em sua jornada diária e acadêmica.

Uma chamada para ação

O ID Jovem, idealizado como uma ferramenta de inclusão e facilitador da permanência universitária, emerge como um agente de mudança potente, capaz de transcender barreiras geográficas e sociais. No entanto, a análise abrangente dos números revela lacunas significativas na adesão nacional, com desafios que variam entre estados e regiões. O infográfico ilustra não apenas as estatísticas, mas também aponta para a necessidade urgente de conscientização.

As entrevistas exclusivas com estudantes como Gabriel Félix e Matheus Santiago proporcionam uma visão intimista dos desafios e vantagens no uso do ID Jovem. No entanto, a constatação da assistente social Eliane Márcia sobre o desconhecimento generalizado entre os jovens ressalta a importância da divulgação ativa e eficaz.

Em suas palavras, Matheus destaca a relevância crucial do ID Jovem e expressa sua gratidão pela iniciativa de trazer à luz um benefício muitas vezes esquecido: “É muito importante estar falando sobre esse benefício. Eu faço Serviço Social e, de certa forma, o meu curso atua nessa viabilização de direitos. E esse é um direito que muitas pessoas têm e não conhecem ou não têm acesso por falta de conhecimento (…) O que seria muito importante ampliar, como vocês estão fazendo com esse trabalho”.

Diante desse cenário, o apelo é claro: é fundamental expandir o conhecimento sobre o ID Jovem, capacitando os jovens a acessarem e desfrutarem plenamente de seus benefícios. Essa missão não é apenas responsabilidade do governo, mas de toda a sociedade, envolvendo instituições acadêmicas, profissionais de serviço social e mídia, para garantir que esse direito fundamental não seja apenas reconhecido, mas também amplamente utilizado.


Grupo da atividade: Bianca Brustolini, Carolina Barreiros, Cibelle Ferreira, Leonardo Amorim, Natália Lana e Sara Lopes

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