A existência invisível dos terreiros

A existência invisível dos terreiros

Mais de um milhão de brasileiros fazem parte de religiões afro-brasileiras, entretanto, com a intolerância religiosa a história dessa cultura no país é apagada.

Viçosa conta com quatro terreiros pouco conhecidos que recebem os estudantes e a população. Os terreiros Mãe de Santo da Casa Cultural Vó Cambinda o Centro Espirita João Boiadeiro da Campina Verde já atenderam mais de duas mil pessoas nos últimos dez anos.

Apesar da recepção dos locais, muitas pessoas escondem sua participação nas religiões devido ao preconceito.

Ao ser entrevistada para a reportagem da PH Rolfs, Mãe Du, Mãe de Santo da Casa Cultural Vó Cambinda, falou sobre a falta de reconhecimento do município de Viçosa para com os terreiros e a possibilidade do uso dos conhecimentos das plantas medicinais dentro da rede pública de saúde em Minas.

Kissyla, que é estudante de Viçosa e umbandista, diz que “os quilombos, a roda de samba e o batuque e o próprio culto à cabocla Jurema são manifestações religiosas e, muito além do sentido da fé, são focos de resistência desse povo”.

Mãe Du com representações de Oxalá e Ogum ao fundo. Foto retirada da revista PH Rolfs nº11 p. 20

OS POVOS PRETOS E INDÍGENAS NA ZONA DA MATA MINEIRA

A formação histórico-cultural da região foi fortemente marcada pela presença desses grupos, algo que é bastante desconhecido e desvalorizado pela população do local e pelo poder público.

Historiador especialista no assunto, o professor José do Carmo contou sobre como se deu a instalação desses povos na região e como a Igreja Católica silenciou suas práticas e se apropriou dos conhecimentos das culturas não-brancas.

AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS EM VIÇOSA

A Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Viçosa tenta uma reaproximação com os líderes das religiões afro-brasileiras, apesar de haver vários obstáculos. Segundo Marcelo Augusto, chefe do Departamento de Cultura, a proposta seria buscar uma integração maior entre a sociedade e as religiões, por meio de produções audiovisuais e da inclusão dessas comunidades em eventos.

Apesar do preconceito e a falta de investimento, os terreiros de Viçosa seguem resistindo e prestando seu apoio a população viçosense.

Wemerson, Pia de Santo umbandista do Centro Espirita João Boiadeiro da Campina Verde, reforça a necessidade dos terreiros do município atuarem em conjunto para seguirem resistindo e preservando a cultura.

“Os terreiros cuidam do próximo, contribuindo para a evolução espiritual e carnal, independente de quem os procuram, porque a Umbanda abraça diversas causas.”

Pai Wemerson (centro) e filhas de Santo, da esquerda para a direita: Grasiela, Luciana e Kissyla. Foto retirada da revista PH Rolfs nº11 p. 21

Matéria disponível na PH Rolfs nº 11 pg 20-21

agatha

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