A homofobia no futebol e seus desdobramentos para além dos estádios
A impossibilidade de promover aglomerações nos tirou, há pelo menos um ano, um dos principais elementos do futebol mundial: a torcida. Durante este período, nos acostumamos com as arquibancadas vazias e vimos que os cantos, lamentações por uma chance perdida ou um gol comemorado não vem mais das vozes dos apaixonados torcedores que ocupam aquele espaço dentro dos estádios, mas sim de caixas de som, comandados por uma pessoa que tenta, dentro de suas possibilidades, criar um clima minimamente parecido com o que vivíamos antes da pandemia.
A falta de rostos nas arquibancadas pode causar certa estranheza em quem vê um vídeo de alguma partida que tenha acontecido até março de 2020. O calor humano, as vozes apaixonadas empurrando e apoiando os clubes e as bandeiras e mosaicos que davam vida e cor aos estádios não existem mais – pelo menos por enquanto. Mas não só os bons momentos foram silenciados pela falta de torcida. Alguns pontos tristes desse enredo também ficaram momentaneamente silenciados, como a homofobia.
O portal Vice Brasil produziu dentro da série Brazica, em 2018, uma reportagem sobre a homofobia dentro dos estádios – tomando como base o grito “bicha!” -, apresentando como a cultura dos cânticos ligados ao principal esporte do país reverberam positiva ou negativamente na luta contra esse tipo de preconceito dentro não apenas do futebol, mas na sociedade como um todo.
A razão pela qual o material foi escolhido passa pelo motivo de não ter uma profunda mediação jornalística, um ótimo trabalho de apuração e a sua atemporalidade.