Afinal, os jovens brasileiros estão lendo?

Afinal, os jovens brasileiros estão lendo?

O sucesso da Bienal de 2023 traz questionamentos sobre a presença dos jovens no mundo literário e o porquê do aumento estrondoso desse comparecimento.

Será que o jovem brasileiro não tem o hábito de ler? Essa foi uma das questões mais comentadas nas redes sociais digitais durante a semana da Bienal do Livro, realizada em setembro de 2023, no Rio de Janeiro. Ainda que seja comum ouvir que o jovem não tem hábito de leitura, a questão pode não corresponder à realidade.

Pesquisa

Segundo pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) em parceria com o Itaú Cultural e o Instituto Pró-Livro, em 2019, estima-se que há cerca de 52 milhões de leitores no Brasil. Estes estariam concentrados na faixa etária de 12 a 24 anos, estudantes do ensino médio ao ensino superior, em contraposição aos resultados da pesquisa feita pelo Instituto em 2007, quando o percentual maior de leitores, cerca de 95,6 milhões de pessoas, encontrava-se na faixa etária dos 5 aos 10 anos. Sendo assim, pode-se dizer que, apesar de o número de leitores ter caído 55% para 26%, o de jovens leitores no Brasil aumentou de 11,5% para 76,75% nesse período de 12 anos.

Leitores por faixa etária

O incentivo à leitura, em sala de aula, pode ser um dos motivos que tem levado os jovens a se interessar pela leitura. Segundo a professora de redação e língua portuguesa do Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – Campus Almenara, Cláudia Souza, os estudantes costumam acatar as sugestões de leitura sugeridas em sala de aula. “Há estudantes que recebem incentivo escolar e familiar, outros que recebem apenas incentivo escolar, há escolas com bibliotecas com acervo mais vasto, outras não. Independentemente de ser ensino fundamental ou médio, os incentivos e a oferta de livros ajudam a promover a leitura”.

O que os dados dizem?

Segundo a mesma pesquisa, a taxa de escolarização entre adolescentes de 15 a 17 anos no Brasil, em 2019, aumentou 3,2%, ultrapassando o índice de 90% de escolarização desse público pela primeira vez. Os dados também ajudam a compreender o aumento da leitura entre os jovens, uma vez que a escola é um dos grandes incentivadores de hábitos literários. 

Ainda conforme a pesquisa, os gêneros mais explorados pelos/as leitores/as, em geral, são contos, poesias, romances e crônicas e cerca de 60% deles/as dizem consumir esse tipo de conteúdo apenas em plataformas digitais, como blogs, sites ou redes sociais. Os dados mostram a mudança de plataforma, saindo do físico, para o digital, tornando notável o interesse desses jovens pela leitura, mesmo que buscando diferentes meios para tal. 

O que os jovens acham?

Sendo assim, a ausência de títulos que despertem o interesse desse público pode comprometer o desenvolvimento desses hábitos. É o que dizem as estudantes do Ensino Médio do Instituto Federal de Rondônia – Campus Ariquemes e do Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – Campus Almenara, Rafaela Lauer de Oliveira e Iasmin Antunes Araújo. Para elas, os livros disponíveis nas bibliotecas da escola não despertavam seu interesse, o que pode ter influenciado a pouca leitura. Nesse sentido, o acesso a títulos ficcionais e a outros estilos conforme constado pela pesquisa, que seduzem os/as jovens à leitura, para além dos livros didáticos e informacionais, deve ser considerado nas bibliotecas escolares.

Gênero literário lido nos últimos 3 meses por plataformas
Gráfico da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil

O que tudo isso significa?

A mudança de plataforma para leitura mostra ainda que mesmo que 77% dos/as jovens não tenham comprado livros naquele período (os últimos três meses em relação à data da aplicação da pesquisa), excluindo aqueles/as que tiram cópias dos livros, cerca de 50% leram, pois ganharam um livro ou pegaram emprestado com amigos, ou em alguma biblioteca, ou seja, ao ter oportunidade, essas pessoas escolhem ler, pois a literatura é parte do dia a dia de muitos. Assim, graças ao avanço tecnológico, ela passa a ser mais acessível e difundida, seja por meios físicos ou digitais. 

Fontes:

Imagem de capa

Retratos da leitura

Pró-livro

Iasmin Antunes Araújo

Rafaela Lauer de Oliveira

Sofia Souto – 113005

Ana Paula Faria – 112996

com365

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