Análise do especial “Trabalhador: herança escravista, pobreza e irregularidades”

Análise do especial “Trabalhador: herança escravista, pobreza e irregularidades”

Por Wesley Bião e Alexandre Leite

A reportagem que escolhemos é um especial do portal Leia Já, de Recife, chamado “Trabalhador: herança escravista, pobreza e irregularidades”, publicada em maio de 2018 e que venceu o Prêmio MPT de Jornalismo daquele ano.

A reportagem, de Nathan Santos, Eduarda Esteves e Marília Parente, aborda como a pobreza e desigualdade social estão ligadas às condições de trabalho de muitos brasileiros e como pessoas pobres são submetidas a condições laborais insalubres para garantir o sustento de sua família. A matéria é dividida em sete capítulos – além do inicial, de apresentação -, todos ligados a algum tipo de “dor”: na lama, no lixo, no asfalto, na pobreza, na exploração, na denúncia e na incerteza.

Do primeiro ao quarto capítulo, é abordado como a pobreza e a desigualdade social estão fortemente atreladas às condições de trabalho de muitos brasileiros e como essas pessoas são submetidas a atividades informais que exigem extrema força corporal, como a pesca na lama e o trabalho de catador em lixões de Recife e região metropolitana. Da quinta reportagem em diante a narrativa traz as dores dos trabalhadores “formais”: as irregularidades trabalhistas, tais como fraudes e trabalho escravo contemporâneo.

A matéria não conta com nenhuma fonte específica que seja considerada como principal. Os sete capítulos, além de se basear em números de fontes documentais, dão vozes a autoridades no tema, integrantes de movimentos de defesa dos trabalhadores e especialistas que ponderam o panorama atual da época e o futuro do brasileiro, além de reforçar a necessidade de braços governamentais se abrirem para o trabalhador pobre para que essas dores sejam “cuidadas”.

O layout do site auxilia bastante na leitura, visto a divisão de seções e com a barra de rolagem infinita. Não é necessário que o usuário fique apertando um botão para trocar de página e ou voltar ao início da página para acessar o próximo conteúdo. À medida que o usuário vai lendo a reportagem e rolando a tela, as seções vão mudando de forma automática.  O mais interessante é que ao mesmo tempo que essa troca acontece de forma automática, ela pode ser facilmente percebida pelo usuário, já que além da presença de um menu lateral que demarca a quantidade de seções existentes e em qual você está naquele momento, o jogo de imagens e intertítulos facilitam muito a distinção entre uma seção e outra.

Início do segundo capítulo da reportagem, com destaque para a barra de rolagem (Foto: Reprodução/LeiaJá)

A reportagem usa de várias fotos, vídeos e gráficos para complementar a narrativa, de tal forma que esses elementos desempenham papel fundamental para o entendimento do enredo e, de forma geral. As imagens dos trabalhadores em todas as seções e os vídeos que ilustram alguma fala do texto, seja de fonte ou da própria escrita da matéria, causam certo impacto visual, mostrando de forma clara a realidade dos trabalhadores naquele texto.

O vídeo traz além da fala da fonte imagens das feridas que fazem nos pés durante a pesca do sururu (Foto: Reprodução/LeiaJá)

Fora os vídeos, não há interatividade nos recursos utilizados na matéria. Os gráficos com dados são estáticos, como mais uma foto no meio do texto e ela não responde a nenhuma ação do leitor. Já algumas fotos e artes podem ser clicadas, mas abrem em outra aba, sem nenhuma ação especial. As informações sobre os participantes na produção, reportagens, roteiro, gravação e edição dos vídeos estão todos na parte inferior da página na aba Expediente, ao lado dos ícones de compartilhamento do Twitter e Facebook.

Lista de envolvidos na matéria, no Expediente (Foto: Reprodução/LeiaJá)

Wesley Bião

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