Boletim do IPC demonstra os desafios enfrentados pelo trabalhador viçosense para obter qualidade de vida

Boletim do IPC demonstra os desafios enfrentados pelo trabalhador viçosense para obter qualidade de vida

Dados evidenciam que entre os anos 2018 e 2023 o poder de compra do trabalhador sofreu oscilações significativas.

Izadora Arruda, Juliana Dias, Luíz Macedo, Pedro Augusto

Durante os quatro anos da gestão do governo Bolsonaro, o poder de compra dos trabalhadores do município de Viçosa sofreu uma série de alterações consideráveis, especialmente em decorrência da crise financeira imposta pelos problemas de condução política e econômica durante a pandemia da COVID-19. 

Segundo dados do IPC, que é o Índice de Preços ao Consumidor de Viçosa, calculado pelo Departamento de Economia da Universidade Federal de Viçosa (UFV) desde 1985, entre os anos de 2018 e 2019, o poder de compra do trabalhador teve uma leve redução. 

Mesmo com o aumento do salário mínimo, que era de R$954,00 em dezembro de 2018 e subiu para R$998,00 em dezembro de 2019, ao mesmo mesmo tempo, o valor da cesta básica também aumentou, indo de R$316,54 para R$334,66, fazendo com que o trabalhador precisasse gastar 0,33% a mais de seu salário com alimentação básica.

Já em dezembro de 2020, é possível observar nos gráficos um aumento exponencial no valor da cesta básica, sem um reajuste salarial proporcional, fazendo com que o poder de compra do trabalhador tivesse uma drástica redução, refletindo assim o aumento da inflação durante o ápice do período pandêmico. Paralelamente, foi neste contexto que todo o país sofreu fortemente com o aumento exacerbado da pobreza. 

Gráfico dos preços do salário mínimo e da cesta básica  de 2018 a 2023. Dados: IPC

Durante este período, mesmo com o salário mínimo reajustado para R$1.039,00, o valor da cesta básica subiu para R$613,23, representando mais de 40% do salário, sendo este valor 7,45% a mais em comparação ao ano anterior. 

Os reflexos da gestão turbulenta durante a pandemia são evidentes, tendo em vista que, no ano de 2022, o país chegou até mesmo a retornar para o mapa da fome, determinado pelo relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI), publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU). 

Apenas a partir do ano de 2023, com a transição para o governo Lula, os valores da cesta básica passaram a reduzir, aumentando gradativamente o poder compra do trabalhador viçosense. Tal realidade, em grande parte, é reflexo das iniciativas da reforma tributária, que vem reduzindo impostos para determinados itens da cesta básica. 

Na última análise feita pelo IPC, realizada em setembro de 2023, o valor da cesta básica já passou a representar 37,7% do salário mínimo, que é um valor 9% menor em comparação com dezembro de 2022. 

De acordo com o professor Jáder Fernandes Cirino, que é Coordenador Geral do IPC, estes dados precisam ser analisados de forma bem minuciosa, uma vez que eles podem ser resultados de uma série de fatores distintos. Ainda sim, ele demonstrou que, certamente, o preço dos alimentos são um dos principais fatores que determinam o poder de compra da população. 

Gráfico das horas trabalhadas para comprar a cesta básica. Dados: IPC


O Boletim do IPC destaca um dado crucial que revela os desafios enfrentados pelos trabalhadores em Viçosa na busca por qualidade de vida: o número de horas necessárias de trabalho mensal para adquirir a cesta básica. Esse indicador tem repercussões diretas sobre a qualidade de vida desses profissionais. Nota-se uma significativa mudança desde janeiro de 2018, quando eram necessárias 70,91 horas, para dezembro de 2022, registrando um aumento para 103,15 horas.

A partir da mudança de gestão em janeiro de 2023, observa-se uma tendência de redução nesse índice, evidenciada pelo início do ano com 93,47 horas e a marca de 82,94 horas ao fechar o mês de setembro. Essa trajetória reflete os esforços para enfrentar os desafios e melhorar as condições de vida dos trabalhadores locais. Esses números, revelados pelo IPC, delineiam a complexidade do cenário enfrentado pelos trabalhadores viçosenses na busca por uma qualidade de vida digna.

Mesmo que as variáveis políticas determinadas para todo o país, como o salário mínimo, sejam fatores que influenciam diretamente no poder de compra do trabalhador, também é necessário avaliar as individualidades que ocorrem em cada município. Afinal, inevitavelmente os preços dos alimentos variam para cada região do país, tanto em relação às questões básicas de oferta e demanda, quanto a respeito de decisões políticas estaduais e municipais. 

Na pesquisa do IPC, a coleta de dados é realizada pela equipe da Empresa Júnior da Economia, que possui um contrato de prestação de serviço com o Departamento de Economia da UFV. Para isso, os integrantes precisam fazer o levantamento de preços mensalmente em estabelecimentos comerciais parceiros na cidade.

pedroagcar3

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