Consumo consciente: Qual a história da roupa que você veste?
Não é difícil imaginar que a indústria da moda é uma das mais lucrativas do mundo, tendo em vista que esse é um mercado que lucra milhões todos os anos e movimenta a economia com a produção de peças e produtos em larga escala, fruto do constante incentivo ao consumo e descarte constante. De acordo com pesquisa realizada pelo Google, todos os anos, o setor de varejo da moda movimenta R$ 150 bilhões ao redor do mundo.
Um setor que se equilibra em um modelo que reforça padrões e realidades ilusórias marcadas pelas novas tendências que surgem todos os dias, coleções que se renovam a cada estação e a necessidade em estar “na moda” a todo tempo, promovendo um descarte enorme de roupas consideradas “ultrapassadas”.
O impacto social e ambiental da indústria da moda
Esse crescimento expressivo da indústria é resultado do conceito denominado Fast Fashion ou moda rápida, que surgiu na década de 90, visando suprir a necessidade de um consumidor, priorizando a produção, o consumo e o descarte acelerado de roupas. Uma estrutura que promove um alto impacto social e econômico e colabora para a exploração, trabalho escravo e infantil, as baixas condições de trabalho e salários, a discriminação, além de uma interminável lista de problemas.
Além desses, o impacto ambiental causado pelo mercado é enorme, causando problemas irreparáveis. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) mostrou que mais de 170 mil toneladas de resíduos são gerados, anualmente, pela indústria têxtil.
Slow Fashion: um novo olhar sobre a moda e a necessidade do consumo consciente
A realidade encontrada por trás dessa indústria e a reflexão sobre os padrões impostos de moda e beleza são fatores que contribuíram para o surgimento de movimentos que se atentem ao papel do indivíduo, a relação com a moda e a necessidade de mudança nessa indústria, promovendo mais consciência individual e coletiva. Entre as principais iniciativas está o movimento Slow Fashion que vem ganhando força como um modelo em contraposição ao fast fashion, que estimula a mudança sistêmica da indústria da moda, e defende a valorização do trabalho manual, a transparência dos meios de produção e adoção de práticas sustentáveis, além de atribuir valores as roupas e evitar o descarte e o consumismo.
Outras práticas também tem ganhado espaço para a exposição do assunto como campanhas “você é o que você veste” ou “quem fez as minhas roupas” ganharam destaque nas redes sociais, o movimento fashion revolution, além de documentários e conteúdos que abordam a realidade do trabalho em indústrias têxteis e que questionam o verdadeiro custo das produções, estimulando a reflexão e despertando uma consciência social a respeito do consumo e os processos que envolvem essa indústria. Uma das produções que envolvem o assunto é o documentário “The True Cost” que aborda diversos aspectos e impactos da indústria da moda na sociedade.
Por onde começar ?
O consumo consciente se trata da relação com a sociedade, com o ambiente e com o futuro. E a melhor forma de iniciar a mudança é com a busca pela informação, entender mais sobre o assunto e refletir sobre a relação que temos com esse mercado. Assim como moda é forma de comunicação, é por meio das nossas escolhas, como o consumo consciente, que ajudamos a promover uma sociedade mais justa.
Texto original publicado na revista Amplie.