Entenda por que a maioria dos pais apoia a proibição de celulares nas escolas
Datafolha aponta que 62% dos brasileiros defendem a proibição dos aparelhos em ambientes de aprendizado.
Navegue em tópicos específicos da matéria:
- Resultados da pesquisa Datafolha
- Preocupação iminente ao redor do mundo
- Pacote de medidas protetivas
- Quais serão as mudanças caso o PL seja aprovado?
Mais da metade dos brasileiros acima de 16 anos apoia o banimento dos celulares para crianças e adolescentes em escolas, tanto em sala, quanto em períodos de intervalo.
O número dos que concordam é ainda maior quando perguntado se o celular é mais prejudicial do que benéfico ao aprendizado: 76% da população e 78% entre os que são pais de crianças.
Mesmo assim, segundo pesquisa do Datafolha, mais de 40% dos pais de até 12 e 18 anos relataram que seus filhos já detêm celulares próprios.
A margem de erro geral é de dois pontos para mais ou para menos. Já para pais com filhos de até 12 ou 18 anos, a margem pode chegar a quatro pontos percentuais. Confira os gráficos:
Gráficos descritivos sobre os dados obtidos pelo Datafolha
Resultados da pesquisa Datafolha
Ao todo, foram entrevistadas 2.029 pessoas representativas da população brasileira e com 16 anos ou mais em 113 municípios do país nos dias 7 e 8 de outubro.
- Entre a população geral (margem de erro de dois pontos),
- 62% apoia o banimento de celulares; e
- 76% acredita que o celular é mais prejudicial do que benéfico ao aprendizado.
- Entre os pais de filhos de até 12 ou 18 anos (margem de erro de quatro pontos),
- 65% apoia o banimento de celulares;
- 78% acredita que o celular é mais prejudicial do que benéfico ao aprendizado;
- 43% dos pais de crianças de até 12 anos dizem que seus filhos já têm celular próprio; e
- 50% dos pais de crianças de até 18 anos dizem que seus filhos já tem celular próprio.
- Entre gêneros (margem de erro de três pontos),
- 78% das mulheres consideram que o celular traz mais malefícios do que benefícios; e
- 73% dos homens consideram que o celular traz mais malefícios do que benefícios.
- Entre escolaridades (margem de erro de três a cinco pontos),
- 69% dos que cursaram até o ensino superior são favoráveis à proibição; e
- 59% dos que cursaram até o ensino fundamental são favoráveis à proibição.
- Entre vertentes políticas,
- 61% dos apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declaram a favor da proibição de celulares nas escolas;
- 63% dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) declaram a favor da proibição de celulares nas escolas; e
- 76% tanto lulistas quanto bolsonaristas acreditam que o celular é mais prejudicial do que benéfico.
Preocupação iminente ao redor do mundo
Os números exibem a crescente preocupação das famílias brasileiras com o uso de celulares por crianças e adolescentes, seja pelos prejuízos causados ao aprendizado ou à saúde física e mental.
Ao longo dos últimos anos, diferentes pesquisas retratam o impacto dos aparelhos que são relacionados ao aumento da depressão, ansiedade, automutilação e suicídio entre crianças e jovens.
Outro problema decorrente destes aparelhos é a redução do desempenho escolar, sendo até visto em países com os melhores índices na área educacional.
Entretanto, a divulgação de apostas online por toda as redes sociais acentuou a angústia dos pais, que receiam pela possibilidade de vício em bets ou cassinos digitais.
Pacote de medidas protetivas
E é diante deste cenário que o governo federal prepara para este mês um pacote de medidas contra o uso excessivo de telas na infância e na adolescência.
Inclusive, já tramita na câmara um projeto de lei (PL) para o banimento do uso de celulares por alunos em escolas de redes públicas ou privadas.
As ações estão sendo elaboradas pelo Ministério da Educação aliado ao Planalto, que tenta costurar a aprovação do PL dos celulares junto ao congresso.
Em reuniões constantes sobre o tema, deputados de partidos opostos, tanto do governo quanto opositores, demonstraram apoio e o projeto está avançado no legislativo.
No lado do governo, a preocupação é deixar claro que o banimento não distanciará os alunos do meio midiático, mas desenvolverá um senso crítico e uma relação saudável com as mídias.
E outro conjunto de ações para facilitar a chamada educação midiática também acompanhará o pacote de medidas protetivas.
Quais serão as mudanças caso o PL seja aprovado?
Além da inserção de políticas públicas para facilitar a educação midiática, o PL deve liberar o uso pedagógico do celular desde que autorizada pelo professor.
Esta proposta já é discutida em São Paulo e contemplada em decreto no Rio, prefeitura pioneira a protocolar a proibição em escolas no Brasil.
O projeto de lei, ainda, conforme previsto e apoiado pela maioria da população brasileira, pretende proibir o uso de celulares durante as aulas e em períodos de intervalo.
Os alunos, então, ficariam imersos ao conhecimento ministrado pelo professor e teriam poucas distrações para impedir a aprendizagem e captação do conteúdo.
Por: Gabriel Victor (112998) e Ronaldo Scanavini (112992).
Texto de: Laura Mattos – Folha de S.Paulo