Festa de estilo: o movimento art déco no Brasil.
No ano em que se celebra o centenário do movimento art déco, o Rio é a sua melhor embaixada nos trópicos
Em 2025, o mundo festeja o centenário da Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas de 1925, um marco que revolucionou o panorama artístico global e consagrou o panorama artístico global e consagrou o estilo art déco.
O art déco, caracterizado por linhas geométricas, simetria e uma estilização dos elementos clássicos, rapidamente se tornou sinônimo de modernidade e sofisticação. O estilo foi batizado em 1966 pela historiadora e curadora de arte Yvonne Brunham, na exposição Les Années 25. Art Déco. Bauhaus. Stijl. Esprit Nouveau, crucial para estabelecer o art déco como um movimento artístico distinto.
O acervo carioca como uma galeria a céu aberto
Apesar do Brasil não ter participado da mostra, o Rio é considerado por muitos a terceira cidade mais importante do art déco no mundo. O conjunto arquitetônico formado entre 1930 e 1945, durante a era getulista é impressionante. Edifícios como a Central do Brasil, o antigo Ministério da Guerra, e os ministérios do Trabalho, da Marinha e da Fazenda formam um acervo único.
O ápice do estilo da cidade é, sem dúvida, o Cristo Redentor. Considerado o maior monumento art déco do mundo, sua construção representou uma proeza técnica para a época, utilizando o inovador concreto armado.
“Diferentemente de Miami South Beach, que oferece um conjunto compacto e harmônico, o art déco do Rio está espalhado por diversos bairros: Flamengo, Laranjeiras, Glória, Castelo, Lido e Copacabana. Esta dispersão geográfica torna o acervo carioca singular, uma verdadeira galeria a céu aberto que se estende por quilômetros. O que o Rio tem nenhuma outra cidade no mundo, nem Paris nem Nova York têm: um art déco brasileiro, com uma influência indígena única.”
É isso que diz o marchand e pesquisador Marcio Roiter, maior autoridade do estilo no Brasil e um dos maiores especialistas no mundo. Marcio em breve lançará um livro sobre o tema: “Pindorama modernista: a influência indígena no art déco brasileiro”.
Caminhando pelas ruas de Copacabana, é impossível não notar a presença imponente do recém-inaugurado Roxy Dinner Show. O antigo cinema de 1933, agora transformado pelo empresário Alexandre Accioly em casa de espetáculos, ganhou uma primorosa revitalização, com direito ao restauro da escadaria lioz rosa e dos guarda-corpos dourados, e a redescoberta do magnífico painel que representa a dança, a música e o teatro.
Exposição em Paris
Agora de volta à capital francesa, berço da estética: Paris lidera as comemorações com uma série de eventos grandiosos organizados, claro, pelo Musée de Arts Décorafits. Serão três mostras principais: uma dedicada ao decorador Jacques-Émile Ruhlmann, outra ao conturier Paul Poiret, e uma terceira que reconstitui a exposição original.
Em outubro, a exposição de 2025 no Arts Décoratifs promete mergulhar os visitantes nesse universo criativo, explorando a moda, a decoração, a perfumaria, e até mesmo a gastronomia da época. Como ponto alto das celebrações, o museu organiza seu primeiro baile anual em 6 de julho, sob direção artística da diretora de cinema Sofia Coppola. O evento, para 900 pessoas, será realizado no majestoso Hall Lefuel e terá como tema os anos 1920.
Leia mais sobre a exposição do Musée de Arts Décorafits aqui.
Prepare as franjas, que o ano vai balançar!
Luisa Serrano Campana (112991)
