Movimento poético leva cultura popular para alunos de escolas públicas, conheça o Slam Interescolar

Movimento poético leva cultura popular para alunos de escolas públicas, conheça o Slam Interescolar

Você conhece o Slam? Sabia que esse movimento também pode ser levado para dentro das escolas e transformado em uma forte ferramenta pedagógica? Maíra Ferreira é a primeira vencedora do Slam Interescolar de Ipatinga e vai nos contar um pouco sobre a sua experiência e aprendizado com o projeto.

O que é Slam?

O Slam (ou Poetry slam) é um movimento poético, que une temas sociais, culturais, históricos, de educação e protestos. Trata-se de batalhas de poesias autorais e representa um espaço de resistência, que amplia as vozes de pessoas que foram silenciadas em diversos contextos. Nas batalhas, os participantes têm a liberdade de participar como preferirem: lendo, declamando, cantando, rimando, improvisando. O importante é a troca de conhecimento, experiências e vivências através da poesia falada. 

Esse movimento nasceu na década de 1980 nos Estados Unidos, mas logo foi expandido e vem reconfigurando a cultura popular e urbana em diversas partes do mundo. No Brasil, isso não é diferente, as batalhas estão ocupando cada vez mais lugares no nosso país, marcando a cultura periférica e trazendo diversas questões sobre as desigualdades.

Em Minas Gerais, nas cidades de Viçosa e Ipatinga, temos o Slam Akewí, um projeto independente que nasceu com esse mesmo objetivo. Só que além de promover essas competições de poesia abertas para o público geral, esse projeto também atua nas escolas públicas das duas cidades, levando a poesia para o ambiente educacional.

O Slam Interescolar

O Slam Interescolar, já existia em alguns lugares do país, sendo o primeiro deles em São Paulo. Com tantos resultados positivos, o Slam Akewí se empenhou em trazer para novas cidades de Minas Gerais, tendo como proposta atuar como um trabalho de base nas escolas, sendo capaz de promover intervenções poéticas, educativas e oficinas para os alunos, tudo isso, apoiando na arte-educação. 

Dessa forma, as educadoras conseguem desenvolver materiais didáticos que levam informações sobre as manifestações culturais, periféricas e de escrita negra, com o objetivo de ressignificá-las. A poesia de rua é levada para dentro das escolas públicas e tem potencial de inovar o ensino, com temas pertinentes e mais próximos do cotidiano dos alunos. Vai muito além de uma ferramenta didática.

Maira Ferreira (17), teve seu primeiro contato com o Slam Interescolar na sala de aula, quando sua professora de Sociologia sugeriu o projeto como trabalho escolar, todos os alunos ficariam livres para participar ou não. Logo no I Slam Interescolar de Ipatinga, que reuniu alunos de quatro escolas públicas da cidade, Maira foi a grande vencedora.

“Eu sempre gostei muito de poesia e quando essa oportunidade surgiu, logo me interessei. Utilizar poesias como forma de passar uma mensagem sempre foi um desejo meu, porém eu não fazia ideia de como fazer as pessoas me ouvirem, o Slam é exatamente o que eu queria.”

Maira já escrevia e sempre viu na poesia, uma forma de aliviar seus sentimentos, depois do Slam, isso ganhou uma importância ainda maior.

“Além de ter que estudar muito pra escrever sobre qualquer tema, a parte de ouvir o outro também traz muita bagagem pra gente. Uma coisa é o meu ponto de vista sobre algo, outra coisa é alguém falando sobre isso. Slam é uma aula sobre as pessoas, você pode observar como elas se comportam, suas reações, os pontos de vista. Desde os jurados até os competidores, ou quem vai só pra assistir, se você puder observar aquelas pessoas quando alguém estiver lá falando, vai descobrir muito sobre elas.”

O Slam Akewí transformou a experiência escolar da Maira, após a participação do Slam Interescolar de Ipatinga, ela também pôde participar de outros eventos de batalhas de poesia. 

Veja um pouco da grande final do I Slam Interescolar Akewí de Ipatinga, em 2019: 

Texto original escrito em outubro de 2019 para o jornal laboratório OutroOlhar da Universidade Federal de Viçosa, leia aqui.

Enya Chaves

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *