Por que mais de 1 milhão de jovens se alistaram no exército da Coreia do Norte nesta semana?

Por que mais de 1 milhão de jovens se alistaram no exército da Coreia do Norte nesta semana?

A Coreia do Norte informou que mais de 1,4 milhão de jovens se alistaram no exército nos últimos dias em resposta às crescentes tensões com a Coreia do Sul. Mas, por que, nesta semana, este aumento repentino? Uma possível guerra entre as Coreias pode acontecer novamente?

Jovens respondem ao apelo militar

Segundo a agência estatal KCNA, da Coreia do Norte, estudantes e líderes de organizações juvenis estão entre os voluntários que se alistaram entre segunda (14) e terça-feira (15). O país, que exige o serviço militar obrigatório para todos os homens, frequentemente registra grandes ondas de alistamento durante períodos de alta tensão com seus rivais, especialmente a Coreia do Sul e os Estados Unidos.

A agência justificou o aumento no número de alistamentos como uma reação patriótica à suposta provocação sul-coreana, onde drones teriam lançado panfletos sobre Pyongyang, capital norte-coreana, com mensagens consideradas inflamatórias.

Drones e ameaça de retaliação

Desde outubro, a Coreia do Norte acusa a Coreia do Sul de infiltrar drones em seu espaço aéreo. Esses aparelhos teriam jogado panfletos de propaganda sobre a cidade mais importante do país, contendo “rumores inflamatórios”. Em resposta, Pyongyang alertou que mais uma incursão seria considerada “uma declaração de guerra”.

No domingo (13), o governo norte-coreano anunciou ter colocado oito brigadas de artilharia em estado de prontidão e intensificado a vigilância aérea sobre Pyongyang. O Ministro da Defesa sul-coreano, Kim Yong-hyun, negou qualquer envolvimento do governo no envio dos drones, mas o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul disse que “não podia confirmar se as alegações norte-coreanas eram verdadeiras ou não”.

Propaganda de grupos civis?

Embora o governo sul-coreano negue responsabilidade, observadores sugerem que o envio de drones pode estar relacionado a grupos civis sul-coreanos que, há anos, enviam balões com panfletos e cédulas de dólar para o Norte. Esses grupos, que buscam enfraquecer o regime de Pyongyang, podem ter utilizado drones para escapar da detecção da força aérea do país vizinho.

Em resposta, as autoridades da província de Gyeonggi, na Coreia do Sul, que faz fronteira com o Norte, anunciaram que três cidades fronteiriças – Yeoncheon, Gimpo e Paju – serão declaradas “zonas especiais de perigo”. Qualquer tentativa de enviar panfletos para a Coreia do Norte poderá resultar em investigação criminal, em um esforço para evitar novas escaladas nas tensões.

Contexto histórico e militar

O serviço militar é uma constante na vida dos norte-coreanos, com períodos de alistamento em massa sendo comuns em tempos de crise. O regime de Kim Jong-un frequentemente usa a narrativa de uma “ameaça externa” para mobilizar a população, alimentando o sentimento patriótico e fortalecendo a defesa nacional.

Além disso, a força militar das duas Coreias possuem capacidades preocupantes. A Coreia do Norte, embora tenha um exército numeroso e armamento convencional, destaca-se principalmente pelo seu arsenal nuclear e mísseis de longo alcance, que representam uma ameaça regional e global. Já a Coreia do Sul, com apoio dos Estados Unidos, possui tecnologia militar avançada e uma economia forte que sustenta suas forças armadas modernas.

O conflito abrange uma tensão internacional, e qualquer escalada pode envolver potências globais como EUA e China, além de desestabilizar a segurança mundial, com risco de uso de armas nucleares.

Repórteres: Eduardo Andrade (103366) e Pedro Victoretti (113012)

Texto original:

com365

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