Imagem: Thiago Mendes / W9 Press
O grito tirado do fundo do âmago, que mesmo em tom de brincadeira, expelia a vontade de um Flamengo vencedor, capaz de derrubar gigantes e conquistar o mundo, se fez preso, em tão pouco tempo num nó na garganta, tão amargo e tão grande quanto o que se fez presente na Sula e na Copa do Brasil em 2017.
O ingrato sentimento de acreditar que podíamos conquistar o mundo de novo e, de sete competições, nada. Al-Hilal, Palmeiras, Del Valle e os outros. Ainda me lembro de todos eles. Ainda tenho o lampejo do porquê e de como também me lembro de todos aqueles que nos rebaixaram a esse patamar.
Gostaria que os que causaram isso, pudessem sentir o amargo que senti ao ver as lágrimas de um Giorgian, exausto física e mentalmente, de um Bruno, que se reergueu em meio à todo o caos, nos deu esperança e que tentou até o fim, além os demais que se sacrificaram por um Flamengo que estava fadado ao fracasso. A escala de culpa é uma pirâmide inversa.
A incapacidade de Vítor Pereira e de Jorge Sampaoli só deixaram explícita uma falta de profissionalismo na direção do Clube Mais Querido do Mundo.
De todos os Flamengos, que lutaram com garra para conquistarem títulos, sem recursos técnicos e financeiros, até se erguerem ao patamar de 2019, o deste ano, atual campeão da Libertadores da América, foi repulsivo, e não só dentro de campo.
Polêmicas, brigas, socos e mordidas. Esse foi o resumo do ano de 2023 da maior folha salarial da América do Sul, que começou em decadência ainda em 2022. “Técnico limitado!”; “Só faz o feijão com arroz”. Não isento aqui, a culpa dos que estavam em campo. Daqueles que já achavam que tudo estava ganho e no fim saíram de mãos abanando. Dos que pensavam que a idolatria levantaria taças. Dos que se recusaram a fazer o proposto. E principalmente daqueles que não doaram corpo e alma dentro de campo.
Mas, por hora, é tempo de renovação. Que toda corja seja colocada sob responsabilidade e se retire, de preferência, pela porta dos fundos. O tempo é o juiz e ele nunca erra. Que ele possa se provar justo, assim como a história, digna de cinema, que deixou clara a inocência daquele que nos acolheu após falhas e falhas dos irresponsáveis. Dorival Júnior erguendo a taça com o São Paulo é agridoce, é o doce sentimento de justiça, trazendo consigo o gosto amargo que representou o Flamengo de 2023.
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