Olimpíadas Na Área | Marcus D’Almeida tem fim melancólico em Paris

Marcus D’Almeida, o Robin Hood brasileiro, é o responsável pelos melhores resultados de nosso país na modalidade tiro com arco, esporte pouco praticado no Brasil, mas que, graças a Marcus, tínhamos grandes chances de conquistar uma medalha.

História do nosso arqueiro

Natural do Rio de Janeiro, Marcus viveu em Maricá,  Região Metropolitana do Rio, até os 14 anos. Porém, foi aos 12 anos, após ter passado pela vela, jiu-jitsu, remo e natação, que o arqueiro teve seu primeiro contato com o esporte que levaria para a vida. Com dois anos de treinamento, já tinha entrado na seleção brasileira principal, assim tendo que se mudar para Campinas, mesmo ainda conciliando o treino com estudos.
Marcus teve uma ascenção meteórica no esporte. Logo aos 16 anos conquistou a prata na Copa do Mundo de Tiro com Arco de 2014, em Lausana, perdendo apenas na repescagem para Brady Ellison. Seus rápidos resultados no alto escalão do esporte, enquanto muito jovem, o renderam a alcunha de “Neymar do Tiro com Arco”.

Reprodução: Wander Roberto/COB

Ciclo para Paris 2024

O atleta chegou a Paris como líder do ranking mundial da modalidade após uma sequência de bons resultados, disputando campeonatos mundiais, Copa do Mundo e Pan-Americanos, sendo vice-campeão mundial em 2021, bronze em 2022, duas vezes ouro no Pan de Monterrey 2021 e Ouro no Pan de Santiago 2022. Já em setembro de 2023, ele obteve seu maior título na carreira, sendo campeão da Copa do Mundo de Tiro com Arco, derrotando o sul-coreano Lee Woo-seok por 6 a 4.

Marcus D’Almeida com o título da Copa do Mundo de Tiro com Arco Hermosillo 2023. | Reprodução World Archery

Dessa forma, o brasileiro chegou com altas expectativas em Paris, podendo facilmente superar a melhor qualificação olímpica do Brasil no esporte, que era um nono lugar conquistado por ele em Tóquio. Porém, os planos do destino foram outros; Marcus não mandou muito bem na fase qualificatória dos jogos, ficando em 17º, colocando-o em um chaveamento de grande desafio.

Fase eliminatória

Primeiramente, antes das eliminatórias individuais, Marcus disputou juntamente com a carioca Ana Luiza Caetano as oitavas de finais das equipes mistas. Porém, os dois foram eliminados logo no primeiro confronto pela dupla mexicana, Alejandra Valencia e Matias Grande, por 5 a 1. Portanto, para o nosso Robin Hood, restava apenas o torneio individual.

Marcus e Ana Luiza na disputa por equipes mistas. | Reprodução: Punit PARANJPE / AFP

Marcus ja havia vencido o ucraniano Mykhallo Usach e o japonês Saito Fumiya no dia 30 de julho, pelos 32 avos de final e 16 avos de final, respectivamente. Assim, no dia 4 de agosto, o brasileiro iria ter pela frente Kim Woojin, sul-coreano vice-líder do ranking. O duelo, tido com uma “final antecipada”, ocorreu sem muitas chances para o carioca, pois de 12 tiros que o Kim deu, 11 foram 10 e o outro 9, beirando a perfeição e finalizando o jogo em 7 a 1.

Em entrevista após a eliminação Marcus disse:

“Comparando, eu atirei contra a Simone Biles do tiro com arco aqui. Ele é um cara fantástico, já tem dois ouros só em Paris-2024 e eu sabia que não podia dar espaço a ele.”

Ele também refletiu sobre seu desempenho geral:

“Foi um ciclo olímpico muito bom. Ganhei duas medalhas em campeonatos mundiais seguidos, ganhei Copa do Mundo, sou número 1 do mundo. Aprendi a atirar em uma nova prova que é a indoor. Foi um ciclo muito bom para minha evolução, mas eu não morri, eu só perdi aqui. Então eu vou continuar forte para ir ao próximo ciclo ” completou Marcus

Posteriormente na competição, o sul-coreano Kim Woojin provou seu favoritismo e ficou com a medalha de ouro, sendo a terceira dele só nesta Olimpíada.