Com a tocha apagada, as Olimpíadas de Paris 2024 oficialmente estão encerradas. Foram 20 medalhas conquistadas por brasileiros, entre eles, grandes nomes protagonizaram reviravoltas, decepções e até rivalidades; destaque para Rebeca Andrade e a norte-americana Simone Biles.
Rebeca disputou arduamente contra a maior ginasta de toda história. Mostrou que o Brasil é capaz de alcançar o topo na sua maior essência cultural. A atleta brasileira reforçou a tamanha resiliência do povo de seu país, que luta todos os dias contra a desigualdade de classes, gêneros e raças.
Ao som de Beyoncé e Anitta, Rebeca desbancou Simone no Solo da Ginástica artística, além de trazer para casa outras três medalhas em diferentes provas, inclusive, com bronze por equipes na Artística geral, primeira medalha na modalidade em toda história brasileira. Com outras duas pratas, a ginasta se tornou a atleta do Brasil mais vitoriosa de todos os tempos, com um total de seis medalhas.
Outros gigantes também alcançaram o pódio olímpico, como Ana Patrícia e Duda no vôlei de praia – depois de 28 anos – e Beatriz Souza no judô em categoria “acima de 78kg”, assim como diversos outros batalhadores em diversas modalidades.
De um lado, a fonte primitiva do fogo olímpico oficialmente cessa; do outro, labaredas, alimentadas pela ambição profissional e carregadas de suor, lágrimas e esforço, alcançam finalmente o céu de Paris: chegou o momento das Paralimpíadas de 2024.
No entanto, a competição mundial tem encontrado barreiras maiores do que Alison “Piu” dos Santos teve de pular. Gargalos recheados de preconceitos estruturais, complexidades fora do modelo visual e pouco pautados no cotidiano brasileiro.
A realidade de atletas paraolímpicos é ainda mais complicada do que o já difícil contexto vivido por profissionais esportivos no Brasil, país com baixo investimento público e privado no esporte.
Mesmo assim, aos poucos, o mercado percebe que há sim “lucro” e retorno financeiro no “comércio paraolímpico de atletas”, principalmente em uma sociedade que dissemina a inclusão social como fundamental – apesar desta perpetuar ainda mais a exclusão.
O uso da imagem de atletas com deficiência tem aumentado nos últimos anos, evidenciando a preocupação de marcas em se inserir na cultura, que preza pelo respeito e diversidade.
Apesar de “produtificar” e, consequentemente, mistificar o real cenário paraolímpico, tais ações são responsáveis pelo aumento de público e a valorização da visibilidade de paracompetições.
Mas… isso é o suficiente? Você, particularmente, sabe o nome de algum paratleta? Até mesmo de qual é a colocação do Brasil nos quadros de medalhas dos últimos anos? Apesar de tudo, ainda há muito caminho a ser trilhado para alcançar, de fato, impactos significativos na mídia, no cotidiano brasileiro ou até no próprio investimento.
Ainda assim, diferente dos Jogos Olímpicos, o Brasil superou mais de 70 medalhas em Paralimpíadas nas últimas duas edições, realizadas em Tóquio (2020-2021) e no Rio de Janeiro (2016). É referência na qualidade esportiva e na história da competição, ficando no top 10 nas últimas quatro ocasiões.
É de se esperar uma ótima atuação brasileira nos Jogos de Paris 2024. Até mesmo o presidente do Comitê Paralímpico Internacional (CPI), Andrew Parsons, garantiu grandes expectativas sobre o Brasil e seus resultados na França.
– Esses vão ser os Jogos Paralímpicos mais espetaculares da história. A gente vem de uns Jogos Olímpicos bem sucedidos, um clima incrível na cidade. E essa energia vai continuar para os Jogos Paralímpicos. Então, as instalações estão sensacionais. O esporte Paralímpico melhor do que nunca, chegando a 165 países. Vai ser uma festa incrível e linda. E realmente em termos de Brasil, em meu palpite, é de que vai ser a melhor campanha da história. – analisou Andrew Parsons, em entrevista à Rede Globo.
Segundo a Secretaria de Comunicação Social do Governo, cerca de 280 competidores estarão presentes em 20 modalidades, retratando a potência paralímpica do Brasil.
Por isso, o Na Área não pode ficar parado e, assim como nas Olimpíadas, a série “Paralimpíadas Na Área” está no ar, com diversos artigos apresentando não um, mas diversos atletas gigantes em seu esporte.
Não serão medidos esforços para que grandes atletas possam ter cada vez mais visibilidades em sua garra, conquistas, forças, expectativas e lutas. Paralímpiadas Paris 2024 oficialmente chegou e nós, brasileiros, temos de valorizar a nossa bandeira, pintada a partir da necessidade democrática em todos os sentidos, até no esporte.