Paralimpíadas Na Área | Vinícius Rodrigues, o recordista mundial do atletismo

Na linha do tempo das modalidades esportivas componentes dos Jogos Olímpicos, o atletismo ocupa a primeira posição, sendo o desporto mais antigo da história das Olimpíadas. Sua estreia ocorreu em 776 a.C., quando Coroebus venceu a única prova dos Jogos Inaugurais da Grécia Antiga, correndo os 193m com a maior velocidade.

Com o passar dos anos, e a popularização do esporte, surgiram novas divisões dentro da modalidade, como as variações das provas de corrida, saltos, lançamentos e arremessos. Em 1976, o atletismo passou a ter seu próprio campeonato mundial, consolidando a prática esportiva em uma competição específica para ela, uma vez que, até então, o mundial era disputado apenas nos Jogos Olímpicos.

Pouco tempo depois, em 1994, foi inaugurado o Campeonato Mundial de Para-Atletismo, organizado pela World Para Athletics. Assim, o atletismo passou a ser um esporte inclusivo, abrangendo atletas com deficiência física ou visual que desempenham o mais alto nível de rendimento.

Consequentemente, o atletismo paralímpico, que já estava inserido nos Jogos de Roma em 1960, tornou-se força entre os desportistas de todo o mundo, sendo essa a modalidade em que mais medalhas são conquistadas para o Brasil.

A primeira medalha brasileira de atletismo em Jogos Paralímpicos foi conquistada em Nova York, em 1984. Desde então, o Brasil sempre alcança a vaga no pódio em todas as edições de Jogos. Ao todo, são 170 medalhas, sendo 48 de ouro, 70 de prata e 52 de bronze. A expectativa é que o número aumente nessa edição.

Com a trajetória no desporto marcada de vitórias, os atletas brasileiros embarcam para Paris como favoritos ao pódio. Entre eles, destaca-se Vinícius Gonçalves Rodrigues, vice-campeão em Tóquio 2020.

A trajetória de um recordista mundial

Foto: Rogério Capela/CPB

Nascido no dia 28 de novembro de 1994, em Primavera, no estado de São Paulo, Vinícius Gonçalves Rodrigues é reconhecido no esporte por ter batido o recorde mundial nos 100m rasos da classe T63, com o tempo de 11s95. Fora do esporte, o atleta também encantou os brasileiros quando participou do BBB24.

O velocista iniciou sua carreira no atletismo paralímpico em 2014, aos 19 anos, quando sofreu um acidente de moto em Maringá e precisou amputar sua perna esquerda. Enquanto recuperava no hospital, Vinícius recebeu a visita de Terezinha Guilhermina, oito vezes medalhista em edições de Jogos Paralímpicos, e, então, resolveu dedicar sua vida ao esporte. Quando pôde sair da internação e retomar à vida ativa, começou a correr.

Sua primeira medalha em Mundiais foi conquistada em 2019, em Doha. No mesmo ano, superou o recorde mundial. Teve sua estreia em Jogos Paralímpicos em Tóquio 2020, quando novamente entrou para a história ao bater o recorde paralímpico em semifinais. Terminou a competição com a medalha de prata, ficando um centésimo atrás do campeão.

O corredor também garantiu a sua medalha no Mundial de Paris, em 2023. Contudo, ficou fora do pódio no Mundial de Kobe de 2024, terminando a competição em quinta colocação. Ainda assim, o atleta exibe sua determinação e força de vontade para superar os seus limites, com a mentalidade forte para tentar buscar o ouro que quase veio na última edição.

Mais uma chance de fazer história

Foto: Daniel Zappe/Exemplus/CPB

Com a força do Brasil no atletismo, além do vitorioso histórico da delegação brasileira, que se mantém em pódios desde a década de 80, as expectativas são altas quando falamos de medalhas em Paralimpíadas.

Na última edição de Jogos, Vinícius foi medalhista de prata. Após a conquista, revelou que embora estivesse feliz, não estava pleno, mas ainda assim trabalharia arduamente para fazer diferente em Paris. Com resultados positivos após o segundo lugar, é esperado que o esforço e treinamento intensivo de Vinícius seja convertido em vitória, para que o brasileiro volte para casa com o ouro.

Detentor de títulos e recordes expressivos, o velocista busca não só superar outros atletas, mas também a si mesmo, afinal, ser recordista mundial duas vezes não é para qualquer um. Os Jogos Paralímpicos de Paris estão para Vinícius como uma nova oportunidade de fazer história.