Com apenas 12 anos, Vanderson Luís da Silva Chaves foi atingido por uma bala perdida no pescoço, o que o deixou paraplégico. Naquela época, o sonho de se tornar um atleta e competir nas maiores competições do mundo parecia distante. Hoje, 18 anos depois, Vanderson é um dos mais renomados esgrimistas paralímpicos do Brasil. Sua história é marcada por superação e uma paixão inabalável pelo esporte, e ele chega a Paris determinado a conquistar a tão sonhada medalha.
A esgrima em cadeira de rodas foi criada em 1953 pelo médico alemão Ludwig Guttmann, conhecido como o “Pai do Movimento Paralímpico”. Esta modalidade, que é praticada por pessoas com amputações, lesão medular ou paralisia cerebral, é uma das mais tradicionais dos Jogos Paralímpicos e está presente desde a primeira edição, em Roma 1960.
Trajetória do Atleta
Nascido em 21 de julho de 1994, em Porto Alegre, Vanderson cresceu na periferia da capital do Rio Grande do Sul com o sonho de se tornar jogador de futebol. Esse sonho foi interrompido aos 12 anos, quando foi vítima de uma bala perdida que o deixou paraplégico como dito anteriormente. Apesar da adversidade, Vanderson manteve viva a vontade de ser um grande atleta. “Quando fiquei na cadeira de rodas, me tornei uma pessoa com deficiência, mas quis continuar meu sonho, e a esgrima foi o que me proporcionou isso,” afirmou em entrevista ao G1.
Em 2012, aos 17 anos, Vanderson foi introduzido à esgrima paralímpica por Maurício Stempniak, da Asasepode (Associação de Servidores da Área de Segurança Portadores de Deficiência), durante uma entrevista para uma vaga na Prefeitura Municipal. Desde então, com muita determinação, ele tem se destacado como um dos principais atletas brasileiros.
Desafios e Resiliência
Entre o final de abril e início de maio deste ano, o Estado do Rio Grande do Sul sofreu com enchentes, que cobriram cidades e fizeram muitos perderem suas casas e móveis. Morador de um apartamento térreo no bairro Sarandi, Vanderson viu a sua casa ser inundada pela água, “Perdi tudo”, declarou.
Para conseguir recuperar os frutos de seu trabalho incansável durante toda a vida, o atleta decidiu abrir uma “vaquinha” online, a fim de receber ajuda financeira de quem pudesse doar e lhe proporcionar um novo recomeço.
Da periferia de Porto Alegre aos Jogos Paralímpicos
Vanderson conta que se encontrou na esgrima logo no início: “A partir do primeiro momento que eu subi na cadeira para jogar, eu senti aquela adrenalina ali. Foi ali que eu me apaixonei pelo esporte”, relata. Após muita dedicação e trabalho intenso, o esgrimista é o número um do ranking brasileiro no sabre, e participa de sua terceira edição dos Jogos Paralímpicos em busca da sua primeira medalha olímpica. Obstáculos e adversidades não foram capazes de parar Vanderson e, agora, em Paris, ele vai em busca de um lugar no pódio paralímpico, seu grande sonho como atleta.