Olimpíadas Na Área | Montain Bike: os Leões da Montanha

Viçosense, protagonista no ciclismo nacional, relembra grandes feitos e conta a trajetória do Brasil no esporte.

O Olimpíadas na Área conseguiu achar – depois de muita apuração! – o nosso Ivanir Teixeira Lopes, viçosense de 52 anos, atleta de Mountain Bike que leva na bagagem diversos títulos, além de sua participação nas Olimpíadas de Atlanta em 1996. Ivanir é um verdadeiro leão da montanha: ele conta com 7 títulos mineiros, 4 cariocas, 4 vices campeonatos brasileiros e uma 19ª colocação no Mundial da Alemanha em 1995, que garantiu ao Brasil dois atletas nas olimpíadas seguintes.

Outro dono da montanha é o Arthur Franco, de 17 anos, da turma de Moutain Bike de Coimbra/MG. O jovem já coleciona prêmios e participações em grandes campeonatos, como a 1ª colocação no Pan Americano de XCM, a 12ª colocação no brasileiro e 4ª colocação no mineiro de Congonhas. Mas antes vamos entender um pouquinho do esporte.

Cross-country: ciclismo de montanhas

A modalidade olímpica de ciclismo cross-country (conhecida popularmente como XC) vem do ciclismo de montanhas, mountain bike (MTB), e é uma competição que envolve terrenos naturais e variados, como trilhas, estradas de terra, florestas e montanhas. Diferente de outras modalidades do MTB, como, por exemplo, o DownHill, que tem descidas mais rápidas e mais técnicas, o cross-country é uma prova, principalmente, de resistência, combinando subidas desafiadoras, descidas técnicas e trechos planos.

Os ciclistas competem em um circuito composto por trilhas naturais, com seções técnicas que exigem habilidades avançadas de controle da bicicleta, de cerca de 4 a 6 km, completando várias voltas. O número de voltas varia dependendo da dificuldade do percurso e das condições climáticas, com a duração total da prova geralmente entre 1h20min e 1h40min.

Todos os ciclistas começam ao mesmo tempo e o vencedor é o primeiro a cruzar a linha de chegada após completar o número determinado de voltas. A largada é definida de acordo com o ranking internacional e os atletas de cada país são selecionados de acordo com os rankings nacionais. 

Nas Olimpíadas

O ciclismo cross-country estreou nos Jogos Olímpicos em Atlanta 1996, marcando a primeira vez que o mountain bike foi incluído no programa olímpico. Desde então, a modalidade tem sido disputada em todas as edições dos Jogos, tanto na categoria masculina quanto na feminina. Os percursos olímpicos são desenhados para desafiar tanto a resistência física quanto a habilidade técnica dos ciclistas. Ao longo das edições, atletas de destaque como o suíço Nino Schurter e a francesa Julie Bresset conquistaram múltiplas medalhas. O cross-country se consolidou como uma das provas mais dinâmicas e emocionantes do ciclismo olímpico.

Brasil, mais um esporte com investimento indevido

O Viçosense e atleta olímpico de Cross Country Ivanir Teixeira explica que as bicicletas são feitas especialmente para a prática do esporte, sendo mais leves, ágeis e desenhadas para terrenos acidentados, evidenciando também um problema para os atletas brasileiros que sofrem com a falta de patrocínio e produção do equipamento no país

“Geralmente quem patrocina o esporte são as fábricas de bicicleta, que estão todas no exterior. Então geralmente os importadores que fazem as equipes por aqui… por isso acredito que não tenha ainda um medalhista olímpico (na modalidade) no Brasil, o apoio aqui ainda é muito aquém do que nós vemos lá fora”, acrescenta o atleta.

Desempenho olímpico brasileiro

Com a principal dificuldade, enfrentada pelos atletas brasileiros evidenciada, vale o destaque às colocações de cada atleta em suas modalidades desde que o esporte se tornou olímpico.

Desempenho dos atletas olimpícos

De Viçosa para o mundo

O atleta viçosense Ivanir Teixeira conta que começou sua relação com a bicicleta quando era leiteiro e entregava leite pela Universidade Federal de Viçosa. Ele descobriu que tinha uma aptidão física no período em que esteve no exército exercendo o serviço militar obrigatório, a partir dali comprou uma bicicleta e já começou a participar de competições. 

Sete vezes campeão mineiro, quatro vezes campeão carioca e quatro vezes vice-campeão mineiro, Ivanir começou sua busca pela participação olímpica em 1995 quando disputou o mundial da Alemanha e garantiu a 57ª colocação na classificação geral, trazendo a 19ª colocação para o Brasil. “na minha época foram 2 vagas, porque como eu cheguei entre os 20 primeiros colocados, eu consegui duas vagas” conta Ivanir, celebrando a ótima atuação no torneio garantiu dois atletas brasileiros nas olimpíadas em questão.

Em Atlanta 1996, Ivanir largou dentre os participantes finais, porém em uma altura da prova chegou a conquistar a 15ª colocação, mas, infelizmente, ele teve o atraso de um pneu furado, o que fez com que sua posição final fosse a 35ª – “provavelmente eu ia ficar nessa posição mesmo, não ia progredir muito e nem regredir tanto, ia ficar mais ou menos dentro dessa posição”, reflete o atleta – um resultado diferente do que ele gostaria e esperava, porém um grande orgulho para o viçosense, que até hoje, traz grandes frutos do esporte para a cidade. 

Foto: Arquivo Pessoal de Ivanir Teixeira