Reprodução/Edição Gabriel Victor
O confronto entre Ceará e Cuiabá pela 32ª rodada do Brasileirão série A de 2022, com o placar de 1 a 1, foi mais uma partida investigada pela Operação Penalidade Máxima comandada pelo Ministério Público (MP) de Goiás, onde o lateral Nino Paraíba, na época no time cearense, teria acordado com apostadores em tomar um cartão amarelo em troca de uma quantia alta em dinheiro (cerca de R$1 milhão)
No dia 9 de maio deste ano, após ser citado na operação, o defensor foi afastado pelo América-MG, seu atual clube, e nesta última segunda-feira (15/05) rescindiu seu contrato e não é mais jogador do Coelhão.
Nino é só mais um entre vários jogadores citados nas investigações do MP contra os esquemas de apostas no futebol brasileiro, entre eles também se destacam: Victor Ramos (ex-Palmeiras), Joseph (rescisão com o Tombense) e, o mais repercutido, o zagueiro líder do Santos, Eduardo Bauermann.
A Operação Penalidade Máxima se iniciou no dia 14 de fevereiro com o principal objetivo de diminuir e, possivelmente, extinguir os esquemas de apostas em qualquer competição do futebol nacional, tendo suas primeiras denúncias no estado goiano contra o Vila Nova. A operação já está na segunda fase desde abril.
Nas últimas semanas, com o crescimento de novos casos envolvendo jogadores da elite, o futebol brasileiro se encontra fragilizado, já que os resultados das maiores competições, como do Brasileirão da série A e B, tornam-se questionáveis pelos esquemas de apostas que justificam os desempenhos duvidosos de jogadores em determinados jogos.
Os acordos com apostadores vão de tomar cartão amarelo, realizar alguma falta, lateral, escanteio e pênalti ou até ser expulso de campo em troca de quantias em dinheiro. Além de reduzir significativamente as condições do jogador e do time na partida, as ações atrapalham o próprio esporte nacional que está em uma constante crescente em qualidade técnica, tática e organizacional.
Além disso, apesar do crescimento, um dos principais motivos do envolvimento de jogadores é a falta de pagamento de seus respectivos salários por times das grandes competições. É o caso do Santos, clube que, hoje, vive em uma crise financeira e que tem seu principal líder, Bauermann, como um dos alvos da operação. O time praiano não só atrasou os salários dos jogadores por mais de três meses, como também cortou as verbas de alimentação dos funcionários no próprio CT.
Outro motivo é a discrepância financeira entre os clubes da série A. Por exemplo, a folha salarial do Flamengo é de cerca de R$36 milhões aos seus jogadores, já o seu rival, Vasco, recém promovido da serie B, tem uma folha de R$7,5 milhões.
Assim, hoje, as crises financeiras e a desigualdade técnica e econômica entre os clubes dos campeonatos elites do futebol brasileiro propiciaram o envolvimento dos jogadores em esquemas de apostas, o que promoveu o desenvolvimento da Operação Penalidade Máxima e consequente exposição e citação destes jogadores, fragilizando o esporte em todo Brasil.