Opinião: Venda de Allan: poder do Flamengo ou fragilidade atleticana?

Mesmo com protestos vindos de todos os lados, o Flamengo não desistiu da negociação e impôs um gás extra na operação, finalizando o acordo nos últimos dias e acertando de vez com o volante de 26 anos

Nos últimos dias as notícias do mercado de transferências do futebol brasileiro giraram quase que em torno do mesmo tema: a negociação entre Flamengo e Atlético MG pelo volante Allan, destaque da posição no cenário nacional nos últimos anos e um dos pilares do elenco atleticano. Na negociação que se arrastou durante semanas, quanto mais o rubro-negro carioca se aproximava da conclusão da operação, mais protestos surgiam da torcida atleticana, alegando ser quase um crime vender um de seus principais jogadores para um rival direto na disputa por títulos. 

Com idas e vindas, por um instante a negociação se deu por encerrada devido à troca de treinador do Galo. Com a demissão de Coudet e a chegada de Felipão, era esperado que Allan fosse continuar em Minas, mesmo tendo manifestado seu desejo de se transferir para o rubro-negro carioca. A informação de que o volante ficaria foi o suficiente para que a torcida atleticana comemorasse e fizesse até mesmo gozações com os rivais rubro-negros, mas tal alegria durou pouco: um banho de água fria estava por vir. 

Mesmo com troca de treinador e protestos vindos de todos os lados, o Flamengo não desistiu da negociação e impôs um gás extra na operação, finalizando o acordo nos últimos dias e acertando de vez com o volante de 26 anos, como informou o jornalista Venê Casagrande. 

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Com o negócio enfim fechado, novos protestos surgiram, com direito a faixas espalhadas em Belo Horizonte, cobrando os mecenas e a direção do clube alvinegro e reforçando o quão inadmissível era vender um de seus principais jogadores para um rival, ou quer dizer, “inimigo”, como dizem os atleticanos. 

Toda a negociação entre as três partes lembram um pouco do que se tornou comum na Alemanha nos último anos quando o Bayern de Munique tirava os principais jogadores de seus rivais diretos, como Manuel Neuer do Schalke 04, Yan Sömmer do Borussia Mönchegladbach ou Mario Götze, Robert Lewandowski, Matts Hummels, entre outros, do Borussia Dortmund. Na Alemanha, o clube de Munique instaurou uma verdadeira dinastia com um poderio muito acima dos demais concorrentes, algo que sempre se provou impossível no futebol brasileiro. 

Mesmo nos últimos anos com Flamengo e Palmeiras se alternando entre os favoritos para as disputas de todos os títulos em que disputam, o próprio Atlético MG conseguiu se sagrar campeão no cenário nacional, assim como o Ahtletico PR, enquanto o Corinthians também conseguiu incomodar, chegando na final da Copa do Brasil no último ano.

Então, mesmo com esse movimento extremamente grande do rubro-negro carioca no mercado de transferências, é difícil pensar que acontecerá uma “bayernização” no futebol brasileiro, visto a extrema competivividade que acontece no cenário nacional. Porém, tal negociação não pode ser vista como uma qualquer. 

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A ida de Allan para o Flamengo reforça novamente o poder do Mais Querido, mas escancara de vez a fragilidade do Galo, que, refém de uma gestão desastrosa financeiramente falando, se vê obrigado a vender um de seus pilares para seu maior rival nacional.

Essa operação deve servir de alerta para que a torcida cobre os verdadeiros culpados para que uma negociação como essa seja necessária, visto que, em um cenário hipotético, onde as contas atleticanas estariam em dia, é quase impossível imaginar a existência de tal transferência, usando como exemplo o próprio Flamengo, que um ano atrás recusava uma proposta com cifras europeias vinda do Palmeiras por Pedro.

A ida de Allan ao Flamengo parece ser apenas mais um detalhe da crise atleticana, o que o rubro negro tem a ver com isso? Absolutamente nada, sua constelação ganha mais uma estrela na busca pela inédita hegemonização no futebol brasileiro.

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