Por: Vitor Silva/CBF
Empate contra Venezuela e complicações contra o Peru escancaram a dificuldade que é treinar a seleção brasileira nos tempos atuais.
A seleção que assusta(va)
Seria um erro falar que os jogadores da atual seleção são ruins porém, não seria equívoco dizer que não há perspectiva de título com o atual elenco.
Talvez esteja sendo conservador, mas qualquer seleção de menor expressão mundial que jogasse contra Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo já entrava ciente da derrota e do “olé”.
A disputa contra seleções mais fracas, como Venezuela, Peru e Bolívia era em si para conseguir uma colocação melhor, já que Brasil, Argentina e Uruguai são e sempre foram os favoritos das Eliminatórias.
No entanto, hoje em dia, qualquer um entra em campo sabendo que, se jogar com um pouco mais de vontade, consegue arrancar um empate ou até uma vitória.
A seleção, pentacampeã mundial e que deveria assustar, entra entregue em casa contra uma Venezuela que nunca deu às caras em uma Copa do Mundo.
Os problemas estão jogando
Na estreia do Diniz acreditei que tivéssemos voltado, jogo bonito, seleção do jeito que sempre foi conhecida, assustadora em campo, fatal e ousada, mas já no 2º jogo percebi que o ciclo do Diniz será o mesmo do Tite.
O treinador jamais foi o problema, Tite saiu linchado por conta de 8 derrotas em 6 anos e isso não faz dele um treinador ruim, Fernando Diniz já acumula recordes negativos em seus primeiros jogos e isso não significa incompetência de forma alguma.
O problema é mais profundo, o ego e a idolatria de uns tomam à frente do entrosamento e da amizade: uma estrela precisa brilhar mais que as outras, escurecendo um céu recheado por estrelas amarelas ofuscadas.
O último grande trio de ataque que tivemos na seleção foi Neymar, Coutinho e G. Jesus, encantadores, deliraram nas mãos do Adenor desde 2016, porém consequentes lesões os afastaram do alto nível e abriram alas para os atuais representantes, que repito, não são ruins, mas não possuem entrosamento ao ponto de fazer com que o adversário tenha medo de jogar. Esforçam-se em prol de um, que, quando compartilhava o foco com os outros 10 em campo, era o melhor jogador do mundo. Ele não é Pelé para ser o centro das atenções, o único intocável da história foi o Rei, e mesmo assim fez questão de dividir o trono com Garrincha, Tostão, Gérson, Carlos Alberto e Jairzinho, sente o peso dos nomes?
A admiração a apenas um jogador faz com que o time jogue entorno dele, e que a bola tenha que passar por ele para entrar, algo que era lindo em 1970.
Foi vistoso assistir ao reprise de todos os jogos daquela copa, transmitidos pela Rede Globo em 2020.
A diferença entre Pelé e qualquer um que vem à tona com o Neymar, é que a bola precisa passar no pé dele, porém, passando pelo atual camisa 10, a bola quase sempre tem chegado a lugar nenhum.
Aos 31 anos, o jogador abriu mão completamente do futebol de alto nível indo para Arábia Saudita. Ele já não é mais o mesmo craque que costumávamos ver, entre lesões, internet, traições, dinheiro e ganância, Neymar Santos da Silva Júnior já não dá esperanças para o povo brasileiro.
Diniz X Tite
Começa como o Tite e tomara que termine como o Tite começou. Forte estreia, que assim como o último fazia bons jogos e goleava a Bolívia, porém sufoco contra o Peru e empate morno contra a Venezuela.
O time tem como forte a busca pela jogada individual com tabelas realizada pelos pontas, além de forte bola parada devido a qualidade no cruzamento do Neymar e potencial de cabeceio de alguns jogadores.
No jogo de quinta-feira (12/23), o Brasil buscou a todo tempo a jogada pelo lado esquerdo, o que facilitou para Venezuela que apenas lotou o setor esquerdo do campo.
Quando a jogada acabava fluindo. chegava a parte em que a dupla de zaga adversária, formada por Ángel e Osorio, entrava em ação e demonstrava muita vontade em fazer o jogo da vida. A diferença na dedicação dos dois lados foi escancarada quando Eduard Bello, que havia entrado aos 79′, fizesse um belo gol de sem pulo sozinho no meio da área.
Ademais, a seleção brasileira foi mais dominante, tendo 6 finalizações a mais e concretizando 70% de posse de bola, algo que não teve nenhuma efetividade. A principal diferença no estilo de jogo do atual em comparação ao antigo treinador, é a liberdade que o Diniz dá para os jogadores de fazerem as jogadas individuais e de se movimentarem mais pelo campo, contra uma maior organização tática e congelamento de posições imposta pelo Tite.
Neymar e pipoca
Neymar, camisa 10 da seleção brasileira foi atacado ao final da partida com um saco de pipoca atirado por um torcedor, que ainda discutiu com o jogador na saída para o vestiário. Ele vem sendo digno de críticas e merece ser cobrado da mesma forma que todos jogadores sempre foram, porém nada justifica a violência. O jogador rebateu depois em entrevista “o cara que faz esse tipo de coisa não é educado. Se ele reclama tanto, deveria ter treinado melhor e estar dentro de campo, não eu”.
*A opinião refletida neste texto é apenas e exclusivamente do autor, não sendo ligada, de forma alguma, ao programa na área.*