Dois jogadores que se empenharam em fazer história

Por que certas coisas precisam de um final?

No último sábado, dia 24, Lionel Messi completou 36 anos de idade, reafirmando mais uma vez como o tempo é implacável. O argentino, juntamente com o português Cristiano Ronaldo, foi responsável por apaixonar toda uma geração pelo esporte mais popular do planeta. Durante mais de 15 anos, eles proporcionaram magias dentro de campo e dominaram tanto os títulos coletivos quanto os individuais. Foram mais de 15 anos de uma era que provavelmente nunca mais veremos. Foram mais de 15 anos de Messi e Cristiano Ronaldo.

No meio da temporada 2022-2023, Cristiano Ronaldo resolveu encerrar sua trajetória na Europa e se transferiu para o Al Nassr, da Arábia Saudita. No final da temporada, foi a vez de Messi, que se transferiu para o Inter Miami, nos Estados Unidos.

Me lembro até hoje do dia em que comecei a amar futebol. Foi em 18 de dezembro de 2011, durante uma partida entre Santos e Barcelona, pela final do Mundial de Clubes daquele ano. O histórico Santos de Muricy, com Ganso e Neymar no ataque contra o Barcelona de Guardiola. Naquela época, com apenas 6 anos de idade, eu não sabia qual time era melhor ou para quem torcer. No entanto, algo naquele jogo fez meus olhos brilharem; um baixinho no ataque do time “listrado”. Eu o observava jogar com tanta facilidade e ficava encantado. A partir daquele momento, cresci nutrindo uma imensa admiração pelo que, na minha concepção, seria o maior jogador de todos os tempos. Parece que o dia 18 de dezembro também é especial para o argentino.

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Messi é um jogador que serve de inspiração a todos, devido à sua história. Ele começou como um menino baixinho, que precisava receber injeções diárias de hormônios na perna, e se tornou o melhor jogador do mundo. O que ele fez e continua fazendo em campo é algo nunca antes visto e, ao lado do português Cristiano Ronaldo, eles dominaram o futebol por mais de uma década.

Apesar de toda sua genialidade e dos títulos que já conquistou, algo ainda lhe faltava: um troféu pela seleção argentina. Em 2014, Messi foi eleito o melhor jogador da Copa do Mundo sediada no Brasil, mas viu o título escapar por apenas 2 centímetros. Em 2015, teve mais uma chance de conquistar um título, na final da Copa América contra o Chile, mas foi derrotado nos pênaltis. Em 2016, seria sua última chance: novamente na decisão da Copa América, novamente contra o Chile. Era sua oportunidade de redenção, mas os deuses do futebol tinham algo melhor reservado para ele. Mais uma vez, foi derrotado nos pênaltis e, dessa vez, Messi desperdiçou uma cobrança. Apesar de ser conhecido como “ET” (extraterrestre), Messi era humano e, em um momento de fraqueza, anunciou sua aposentadoria da seleção. Parecia que não dava mais. No entanto, meses depois daquela partida, com a cabeça mais fria, Messi repensou sua decisão. Ele voltou para a seleção e mal sabia o que o destino lhe reservava em breve.

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Anos se passaram e chegamos a 2021, o ano que tudo mudaria para Messi. Apesar de enfrentar muitas dificuldades para se organizar, a Copa América de 2020 ocorreu em 2021, e lá estava ele, mais uma vez pronto para tirar a Argentina de uma fila de mais de 30 anos. E ele conseguiu. De forma incontestável, Messi foi o melhor jogador da competição, finalmente conquistando o título e aliviando o peso de um país inteiro de suas costas. Mas sua jornada não parou por aí.

Chegamos a 2022, o ano da Copa do mundo, que seria a quinta da carreira de Messi e muito provavelmente a última. No início do ano tivemos a Finalíssima contra a Itália e ele novamente venceu. A seleção de Scaloni chegou ao mundial como uma das favoritas e quase tudo parecia desmoronar logo no primeiro jogo. No entanto, o que aconteceu foi o contrário. A partida contra a Arábia Saudita levou Scaloni a mudar completamente a abordagem tática da Argentina, e foi assim que a terceira estrela foi conquistada.

Messi, insatisfeito em ser apenas o melhor jogador durante todo o mundial, foi extremamente decisivo em um dos melhores jogos de todos os tempos. Marcou dois gols na final e se consagrou campeão do mundo.

No dia 18 de dezembro de 2022, o mundo era azul e branco. Ali, a Argentina vencia, Messi vencia e, acima de tudo, o futebol vencia. De um jogador que enfrentou fracassos na seleção para campeão de tudo. Agora, ele é oficialmente um D10S para os argentinos.

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Cada lance, cada partida, era tudo muito diferente. É extremamente desafiador listar alguns momentos históricos do craque argentino, pois são tantos. Messi é um jogador que não se deixou abater pelas frustrações no clube e na seleção e isso o fez o jogador mais vitorioso do futebol. Até o momento da produção deste texto, ele acumulou 807 gols, 357 assistências e 43 títulos, uma trajetória de pura grandiosidade. Está chegando ao fim, mas ainda não é o fim completo.

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Ao mesmo tempo em que Messi conquistava todas essas glórias, havia do outro lado um português que sempre teve a mesma filosofia; vencer, vencer e vencer! Esse é Cristiano Ronaldo.

A carreira de Cristiano começou um pouco mais cedo e não demorou para encantar muitas pessoas ao redor do mundo. Uma dessas pessoas era Sir Alex Fergusson. O histórico treinador escocês enxergou algo diferente naquele jovem jogador do Sporting e fez tudo que pôde para levá-lo ao Manchester United, mesmo que ele só tivesse 4 gols em 28 jogos no futebol português. Bem, o resto é história.

Cristiano Ronaldo é indiscutivelmente um dos jogadores mais decisivos do mundo, famoso por suas comemorações icônicas e por marcar o gol mais bonito que já presenciei ao vivo. Acima de tudo, ele deixou um legado impressionante. O jogador foi responsável por conquistar o primeiro título da história da sua seleção; a EuroCopa de 2016. Mesmo saindo cedo devido a uma lesão nesse jogo, ele demonstrou mais do que nunca sua qualidade como jogador. “Líder” é a palavra que define o português, que praticamente atuou como um auxiliar técnico de Fernando Santos, testemunhando do banco de reservas o gol de Éder, que finalmente consagrou uma nação carente por um título.

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Ele é recordista de mais gols marcados em uma única edição da Liga dos Campeões, além de ser o maior artilheiro da história dessa competição, da seleção portuguesa e da Eurocopa. Cristiano Ronaldo é viciado em quebrar recordes, conquistar taças e ser um adversário implacável. Ele transformou a camisa 7, que já pertenceu a Garrincha, Raul, Luis Figo e George Best, na camisa 7 de Cristiano Ronaldo. Se estiver com medo, fique tranquilo, pois ele está aqui.

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Esses dois jogadores se complementam. Eu garanto que Cristiano Ronaldo não seria o mesmo sem Messi e vice-versa. Para se tornar o melhor do mundo, era necessário ser melhor que o outro. Entre 2008 e 2018, uma das duas estrelas venceu o prêmio de Melhor do Mundo todas as temporadas, acumulando 12 prêmios juntos. Messi, não contente, é favorito para conquistar seu oitavo prêmio.

A verdade é que estamos nos aproximando do fim, mas muitas coisas ainda podem acontecer. Como fã, admito que já declarei que Messi estava acabado após a eliminação para o Real Madrid em 2022, mas ele provou o contrário ao conquistar a Copa do Mundo da forma como conquistou. Da mesma forma, duvidei que o retorno de CR7 ao Manchester United seria um sucesso, mas ele mostrou o contrário ao salvar a equipe de uma temporada muito pior. Eu estava errado. Nunca se pode duvidar desses dois jogadores, pois eles são históricos. Messi e Cristiano Ronaldo são parte da história do futebol.

Assim, nos resta aproveitar seus momentos finais procurando links para assistir à Liga Saudita ou à MLS em uma segunda-feira, às 23h30. Na próxima geração, teremos jogadores como Haaland, Mbappé e Vinícius Júnior, mas não teremos um Messi ou um Cristiano Ronaldo. Certamente, nunca mais testemunharemos algo igual e apenas as memórias permanecerão. Quanto mais o tempo passa eu sei, o ídolo é imortal.