O que esperar do Brasil no Mundial Feminino?

Faltam menos de 80 dias para as 32 seleções femininas iniciarem o evento mais importante do ano no cenário do futebol feminino: a Copa do Mundo da categoria. Com o relógio adiantado em 13 horas, os jogos serão sediados pela Austrália e Nova Zelândia.

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Mesmo com certa distância para a abertura do torneio, algumas polêmicas já chamaram a atenção do público, que adquiriu mais de 500 mil ingressos, segundo a federação dos países da Oceania. Além da Globo, a CazéTV se destaca com a participação de Fernanda Gentil para comentar o evento. Após a grande participação de narradoras e repórteres durante a Copa do Mundo do ano passado, é esperado que no torneio feminino esse aumento seja ainda mais relevante.

No âmbito nacional, depois da finalíssima contra a Inglaterra, o início do Campeonato Paulista Feminino, que registrou um aumento de 19% na premiação graças ao patrocínio da Centauro, é um alívio em meio à situação pouco organizada do futebol feminino do Brasil, em comparação com outras seleções de destaque. Segundo pesquisa da FIFA de 2019, o Brasil tinha somente 15 mil jogadoras registradas profissionalmente, ficando atrás de países latinos como Argentina e Venezuela, que historicamente têm suas jogadoras atuando pelos times brasileiros.

Mesmo com algumas medidas da CBF após a última eliminação do Mundial pela França, é indiscutível que o caminho para que o Brasil se torne uma potência no cenário mundial é longo e turbulento.

A seleção brasileira divide o grupo F com França, que eliminou o Brasil na última Copa do Mundo, Jamaica, vice-campeã do campeonato africano, e Panamá, que se classificou pela primeira vez para o torneio. A classificação para o mata-mata do torneio é muito provável, mas ter embates com seleções como Inglaterra, Estados Unidos, a própria França ou Canadá pode agravar a situação e gerar uma desclassificação precoce da seleção. Com desfalque quase certo da atacante do Atlético de Madrid Ludmila, o Brasil precisa confiar nos seus talentos em comparação com a solidez das demais seleções.

O aumento do consumo de campeonatos femininos é exponencial, principalmente no continente europeu, que pela Champions League lotou o Camp Nou com mais de 72 mil pessoas. O time do Barcelona tem os holofotes após a conquista do título europeu, mas assim como no Brasil e em outros países, como Holanda e Canadá, as ligas nacionais têm poucos times com maiores investimentos, o que cria uma disparidade com os demais.

Hoje em dia, Corinthians, Palmeiras e Flamengo se destacam no cenário brasileiro, mesmo que times com menos investimento, como Internacional, sejam responsáveis por revelar importantes jogadoras para a seleção, como Milene, que recentemente se transferiu para o Corinthians.

Incentivar o ingresso no futebol feminino desde a juventude é o pontapé inicial para o Brasil alcançar melhores posições no ranking da FIFA e conquistar títulos fora da América Latina.

Mas infelizmente, segundo a pesquisa citada da FIFA, o número de jogadoras com menos de 18 anos registradas profissionalmente no país é inferior a 500 meninas. Portanto, é fundamental que as Federações e a CBF foquem em campeonatos de base para impulsionar o desenvolvimento do futebol feminino no país.