Olimpíadas Na área | Chega ao fim Paris 2024

É Medina flutuando pelos áres, é Rebeca Andrade reverenciada, é despedida da Rainha Marta… Seria possível em apenas algumas linhas se contar tantas histórias?

Após 17 dias, as Olimpíadas de Paris 2024 chegam ao seu fim. Foram 17 dias de despedidas, boas-vindas, decepções e surpresas, com o espírito olímpico em sua mais pura essência.

Paris ficou marcada por um recorde histórico no salto com vara, pelo Dream Team norte-americano reafirmando seu domínio mundial, por Noah Lyles conquistando o bronze nos 200 metros e saindo de cadeira de rodas, e por um feriado nacional decretado em Botsuana após uma vitória no atletismo. Enfim, há muitas histórias para contar.

Fotos: Reprodução/ US Basketball, REUTERS/Kai Pfaffenbach e Ben STANSALL / AFP

No dia 28 de julho, o Brasil conquistou três medalhas, uma delas de bronze com a jovem de apenas 16 anos, Rayssa Leal. Mesmo com tão pouca idade, já são dois Jogos Olímpicos e duas medalhas para a Fadinha. Com tranquilidade e serenidade, Rayssa Leal caminha a passos largos para se firmar de vez no quadro histórico de atletas brasileiros. Ainda há muito a acontecer.

Foto: Reprodução/ Internet

Nesse mesmo dia, também tivemos uma dobradinha no judô, uma modalidade na qual o Brasil tem muita tradição. Desde 1984, ao menos uma medalha é conquistada, e em Paris não foi diferente. Larissa Pimenta conquistou o bronze, enquanto Willian Lima ficou com a prata. As alegrias dos brasileiros com o judô estavam apenas começando.

Também chegaria o dia das nossas meninas da ginástica subirem ao pódio. Numa final acirrada contra o time norte-americano da “implacável” Simone Biles, com muita garra, Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Júlia Soares conquistaram a primeira medalha na modalidade na história do Brasil.

E a Rebeca Andrade faria história (de novo) em Paris dias depois. A ginasta, com apenas 25 anos, se tornou a brasileira com mais medalhas na história, superando Robert Scheidt e Isaquias Queiroz. Rebeca conquistou a prata no individual geral, ficando atrás apenas de Simone Biles, e também venceu mais duas medalhas: uma de ouro na final do solo e outra prata no salto. Uma atleta desse calibre merece ser reverenciada mesmo.

Foto: Reprodução/ internet

Uma medalha que define perseverança e amor ao que se faz: Caio Bonfim conquistou a medalha de prata na marcha atlética de 20 km, superando todos os preconceitos que enfrentou. Com muito orgulho ele carregava o nome do Brasil no peito.

O primeiro ouro do Brasil não poderia vir de outro esporte. Beatriz Souza conquistou a medalha de ouro na categoria +78 kg ao vencer a israelense Raz Hershko. No judô, o Brasil também garantiu a medalha de bronze na nova modalidade de equipes mistas, que foi inserida no quadro olímpico em Tóquio.

Foto: Reprodução/ internet

Beatriz Ferreira foi outra atleta que saiu de Paris com uma medalha, sua segunda Olimpíada consecutiva com pódio. Após perder a semifinal para a irlandesa Kellie Harrington, Bia garantiu a medalha de bronze no boxe. Em Tóquio, Beatriz havia conquistado a prata, consolidando sua trajetória como uma das maiores pugilistas do Brasil.

No surfe, Tatiana Weston-Webb fez história ao ganhar a primeira medalha da modalidade feminina, ficando com a prata em Teahupo’o, no Taiti. Já entre os homens, Gabriel Medina, que ao longo da competição protagonizou a melhor foto das Olimpíadas, flutuando pelos ares, enfrentou o mar como seu principal rival nas semifinais. Mas, minutos depois, ele retornou à água e conquistou o bronze, mantendo o bom retrospecto dos brasileiros no surfe olímpico.

Foto: Jerome Brouilleet/ AFP via Getty Images

Uma semana depois, o skate voltou às ruas de Paris, e o Brasil mais uma vez saiu com uma medalha no peito. Augusto Akio, carinhosamente chamado de “Japinha”, se sagrou medalhista de bronze no skate park masculino.

No taekwondo, também tivemos uma medalha. Edson Pontes, o “Netinho”, conquistou o bronze na categoria até 68 kg após vencer o espanhol Javier Perez na disputa pelo terceiro lugar. Netinho se tornou apenas o terceiro brasileiro a subir no pódio da modalidade em Jogos Olímpicos.

Se tem uma coisa que Alison dos Santos se acostumou desde cedo é a superar obstáculos. Aos 24 anos, ele conquistou sua segunda medalha olímpica na prova dos 400m com barreiras, disputando contra dois dos melhores da história da prova: o estadunidense Benjamin Ray, que ficou com o ouro, e o norueguês Karsten Warholm, que ficou com a prata.

Foto: Reprodução/ Internet

Histórica. Essa é a melhor palavra para descrever a prova de Isaquias Queiroz, que conquistou a medalha de prata, sua quinta em Jogos Olímpicos. Faltando pouco mais de 200 metros, Isaquias estava em sexto lugar, mas teve uma arrancada heroica e chegou ao segundo lugar, ficando a menos de um segundo do ouro. Isaquias é brutal.

O terceiro e último ouro do Brasil foi conquistado por Ana Patrícia e Duda no vôlei de praia. O esporte finalmente voltou para casa após 28 anos. O jogo contra a dupla canadense foi difícil, mas nada que essa dupla, que há 10 anos ganhava os Jogos Olímpicos da Juventude juntas, não soubesse lidar bem. O topo do pódio, mais uma vez, era verde e amarelo.

Foto: Luiza Moraes/COB 

A conturbada seleção de futebol feminino fez uma primeira fase abaixo do esperado, vencendo apenas um jogo contra a Nigéria e perdendo para Japão e Espanha. Contra as espanholas, o Brasil perdeu mais do que o jogo, pois a rainha Marta foi expulsa, uma expulsão que poderia ter encerrado sua trajetória em Olimpíadas. No mata-mata, a seleção, sem sua principal estrela, se transformou e eliminou a França, reencontrando a campeã do mundo, Espanha, e goleando por um sonoro 4×2. Infelizmente, na final, reencontrou seu maior algoz histórico, a seleção norte-americana, e acabou perdendo por 1×0. Esta é a terceira prata da seleção brasileira, sendo as anteriores em Atenas e Pequim, ambas para os Estados Unidos.

Foto: Rafael Ribeiro/ CBF

No vôlei de quadra, a seleção foi eliminada de forma melancólica contra os Estados Unidos por 3 sets a 2. No entanto, a derrota não abalou a equipe, que disputou o bronze contra a Turquia. As brasileiras venceram por 3 sets a 1, conquistando mais uma medalha olímpica. Esta foi a quinta medalha olímpica do treinador Zé Roberto e a terceira da central Thaísa, que também se despede das Olimpíadas, deixando um legado inegável. São dois ouros e um bronze para a jogadora.

Com 20 medalhas e inúmeras histórias, Paris marca a despedida de Thaísa, a bicampeã olímpica que usou sua experiência para liderar essas meninas a mais uma medalha. Pode ter batido na trave agora, mas olhos atentos nessa geração pra lá de talentosa.

Foto: Míriam Jeske/ COB

Paris também marcou a despedida de Marta, que pouco jogou as Olimpíadas, mas mesmo assim não perdeu a majestade. Nada mais justo do que a maior de todas sair com uma medalha em uma Olimpíada dominada sobretudo por mulheres. O ouro não veio, mas só quem ganha a prata sabe os obstáculos para tal conquista. Cada medalha conquistada é regada de muito suor. Nunca foi fácil para nenhum desses atletas, e provavelmente nunca será. Talvez seja isso que as tornem tão especiais.

Nos vemos em Los Angeles.