Apesar do fim das Olimpíadas, o espírito de celebração e competitividade retorna à Cidade Luz, onde atletas de todo o mundo se reúnem para as Paralimpíadas de 2024. Entre tantos competidores determinados a provar seu valor e conquistar medalhas, uma brasileira se destaca com um brilho especial. Carol Santiago, ícone da natação paralímpica, chega à Paris com uma trajetória que transcende o esporte, trazendo consigo uma história de vida marcada pela coragem, determinação e o desejo de vencer.
Quem é Carol Santiago?
Maria Carolina Gomes Santiago, natural do Recife, Pernambuco, é um nome que se destaca não só pelo talento excepcional nas piscinas, mas também pela história de superação que a levou ao topo do esporte paralímpico. Nascida com a síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz significativamente seu campo de visão, Carol descobriu na natação não apenas uma paixão, mas uma forma de se conectar com o mundo ao seu redor.
A nadadora encontrou seu lugar na água aos quatro anos, enquanto acompanhava o irmão, que também praticava a modalidade, nadando ao seu lado. Aos 19 anos, iniciou sua carreira competitiva, e não demorou para que seu talento fosse reconhecido em âmbito nacional e internacional. Hoje, aos 39 anos, ela carrega consigo uma coleção de medalhas e recordes, consolidando-se como uma das maiores nadadoras paralímpicas da história.
A atleta iniciou sua jornada aquática aos 12 anos, competindo tanto em piscinas quanto em águas abertas. Porém, sua promissora carreira foi interrompida abruptamente aos 17 anos, quando um acúmulo de água na retina a deixou totalmente cega por oito meses. Esse período trouxe incertezas e desafios imensos, forçando Carol a se afastar do esporte que tanto amava.
Mas sua paixão pela natação sempre esteve consigo. Aos 27 anos, decidiu retornar às piscinas, agora, com uma nova perspectiva de vida. O verdadeiro marco em sua carreira veio aos 33 anos, quando se juntou ao Grêmio Náutico União de Porto Alegre, clube que conheceu em competições de águas abertas no ano de 2018. Esse foi o início de uma ascensão meteórica no esporte paralímpico.
Em pouco tempo, Carol Santiago se consolidou na elite da natação paralímpica. No ano seguinte à sua entrada no Grêmio Náutico União, em 2019, ela conquistou nada menos que quatro medalhas de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, nas provas de 50m livre, 100m livre, 400m livre e 100m costas. Seu talento continuou a brilhar no Mundial de Natação em Londres, quando ela adicionou mais duas medalhas de ouro (50m livre e 100m livre) e duas de prata (revezamento 4x100m livre e 100m costas) ao seu currículo.
Em Tóquio, a pernambucana consolidou sua posição como a maior medalhista brasileira da edição, conquistando três ouros (50m livre S13, 100m livre S12 e 100m peito SB12) e um bronze (100m costas S12). Essas conquistas reafirmaram sua posição entre as melhores do mundo e abriram caminho para novas oportunidades de sucesso em Paris.
Expectativas para as Paralimpíadas de 2024
Chegando a Paris como uma das principais favoritas, Carol Santiago disputará sete provas: 100m borboleta S13, 100m costas S12, 50m livre S13, 200m medley SM13, 100m livre S12, 4x100m livre 49 pontos e 100m peito SB12. Seu desempenho é aguardado com anseio, tanto pelo público, quanto pelos especialistas, especialmente após o ótimo desempenho nos últimos anos.
Em uma entrevista ao Terra, a atleta expressou grandes expectativas de alcançar os melhores resultados de sua vida, embora admita que não tenha certeza se serão suficientes para garantir medalhas. No entanto, ela e sua equipe lutarão com determinação para conquistá-las.
Carol acredita que ninguém começa grande, mas todo sucesso começa com um sonho. Desde que ingressou no movimento paralímpico, passou a sonhar grande e dedicar-se intensamente para atingir seus objetivos. Conquistar o que realmente se deseja é extremamente gratificante, e ao refletir sobre tudo o que alcançou junto com sua equipe, ela afirma não ter arrependimentos.