Considerado extinto regionalmente em 2012, o aurita permaneceu invisível por 22 anos. No entanto, um reencontro inesperado trouxe esperança para sua preservação
-24 de outubro de 2024
Considerado extinto regionalmente em 2012, o aurita permaneceu invisível por 22 anos. No entanto, um reencontro inesperado trouxe esperança para sua preservação
Por
Pedro Augusto Guimarães Carvalho
Invisível de 1995 a 2017, o aurita era considerado extinto regionalmente. No entanto, um reencontro inesperado trouxe esperança para sua preservação. Devido à natureza tímida dos auritas e à baixa densidade populacional, avistá-los na natureza mediante técnicas tradicionais de busca ativa é extremamente desafiador. Ciente dessa dificuldade, o biólogo Orlando Vital desenvolveu uma metodologia específica para localizar o sagui-da-serra-escuro. Após explorar 31 fragmentos de Mata Atlântica na região de Viçosa, em 2017, Vital encontrou um grupo desses primatas em apenas um dos fragmentos explorados. O reencontro fortaleceu a necessidade de investimentos para expandir os esforços de pesquisa e conservação da espécie.
Com apoio do Programa de Conservação do Sagui-da-Serra (PCSS), recursos financeiros e parceiros nacionais e internacionais foram mobilizados para a criação do CCSS. Localizado no campus da UFV, o Centro é um santuário dedicado à preservação do sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) e do sagui-da-serra (Callithrix flaviceps). O CCSS é um criadouro científico preparado para a reprodução do aurita e do flaviceps para que, no futuro, as duas espécies possam ser reintroduzidas em áreas de preservação da Mata Atlântica, a fim de retirá-las da lista de animais ameaçados de extinção. Além disso, o CCSS também funciona como um local de ensino e aprendizagem para a UFV.
Segundo o Professor do Departamento de Engenharia Florestal e Coordenador do CCSS, Fabiano Melo, o tráfico dos primatas se iniciou em Viçosa na década de 60 com seu pico em meados da década de 90, quando os animais eram trazidos como pets. Os proprietários não conseguiam cuidar dos animais e os soltavam na natureza, resultando na sua hibridização. Esse processo também influenciou na perda de espaço dos saguis nativos, que tiveram sua população drasticamente reduzida, segundo dados coletados por pesquisadores da UFV e compilados pelo CCSS.
Com isso, visando conscientizar a população e celebrar a espécie nativa, a Câmara Municipal de Viçosa aprovou em 2020 a Lei do aurita, que estabelece a espécie sagui-da-serra-escuro como mascote oficial da cidade e 17 de junho como o dia municipal do Callithrix aurita. Segundo Orlando Vital, a participação da sociedade é fundamental para a preservação do sagui-da-serra-escuro e do sagui-da-serra. Por meio de postagens de stories no Instagram, Vital consegue mapear onde estão os primatas. Essa abordagem economiza tempo e recursos, evitando uma busca extensiva que demandaria dias ininterruptos na mata. Além disso, a compilação dessas informações permite a criação de um banco de dados que seria difícil de ser obtido somente por meio do trabalho dos pesquisadores em campo.
Se você avistar qualquer macaco, tire uma foto e compartilhe no Instagram marcando o biólogo Orlando Vital (@vitalorlando) e o CCSS (@ccssufv) e não se esqueça de dizer onde foram avistados os animais.