Veganismo é pop

Mercado de consumo sem carne é a tendência do momento

De acordo com um estudo feito pela Universidade de Oxford no início de 2023, quase 114 milhões de americanos pretendem comer mais comida vegana a partir dos próximos anos por motivos de saúde. A pesquisa relacionou o consumo de produtos de origem animal a problemas graves de saúde, incluindo diabetes, doenças cardíacas e câncer. Segundo o estudo, comer três fatias de bacon por semana, por exemplo, pode aumentar o risco de desenvolver câncer de intestino em 20%; e consumir carne vermelha pode aumentar o risco de doenças cardíacas em até 1.000% em comparação ao consumo,  apenas, de alimentos à base de plantas.

A pesquisa mostra uma mudança de comportamento, pois dez anos atrás, se você pedisse comida vegetariana ou vegana em restaurantes, seria recebido com surpresa pelos garçons, ou até mesmo com um revirar de olhos pelos donos. Nessa época, pessoas que usavam a filosofia de vida de não se alimentar de carne ou derivados de animais não estavam incluídos na indústria alimentícia, eram estereotipados como hippies e, constantemente, vistas como pessoas que não comiam nada além de folhas verdes. Mas, com o avanço rápido da globalização, os tempos mudaram e, hoje em dia, pedir um menu vegetariano em um estabelecimento é bem mais plausível. Mas, porque a mudança repentina para alimentos sem carne e à base de plantas na indústria? As pessoas se tornaram repentinamente radicais em seus pontos de vista ou mais abertas a mudanças? 

Com quase 60 mil seguidores nas redes sociais, Luísa Faria, proprietária do Instagram de culinária Aquela Vegana, acredita que a variedade de alternativas oferecidas e pratos mais atraentes são algumas das razões pelas quais cada vez mais pessoas estão reduzindo a ingestão de produtos de origem animal. 

“Não se trata mais apenas de amar os animais e comer soja e alface, embora esses alimentos tenham seu lugar. Agora, nós veganos e vegetarianos temos uma variedade cada vez maior de opções de hambúrgueres, almôndegas, linguiças e outros substitutos da carne, além de diversas pesquisas científicas que mostram a importância da ingestão limpa de proteínas. Existem muitos outros pratos conhecidos e feitos de ingredientes como soja, ervilha ou micoproteína (derivada de fungos), cada um com aparência, sabor e textura notavelmente semelhantes aos pratos com derivados de animais, para os que escolhem esse tipo de alimentação”, afirmou Luísa. 

Além da inovação, outra razão fundamental por trás do crescimento do mercado de alimentos veganos é a crescente conscientização do consumidor sobre as consequências para a saúde de comer produtos de origem animal, bem como o impacto ético e ambiental da pecuária.

As pessoas estão se tornando cada vez mais conscientes do impacto que a pecuária tem no meio ambiente. Um grande relatório das Nações Unidas revelou, no ano passado, que temos apenas 12 anos para prevenir uma crise de mudança climática motivada pela indústria pecuária. 

Na mesma época, o Programa Ambiental da Organização Global (Pnuma) nomeou o combate à produção e ao consumo de carne como o “problema mais urgente do mundo”.

“Nosso uso de animais como tecnologia de produção de alimentos nos trouxe à beira da catástrofe. A pegada de gases de efeito estufa da pecuária rivaliza com a de todos os carros, caminhões, ônibus, navios, aviões e foguetes combinados. Não há caminho para atingir os objetivos climáticos do planeta sem uma redução maciça na escala da pecuária”, afirmou o Pnuma em comunicado.

Para os adeptos do vegetarianismo e veganismo, o aumento no número de pessoas nessa comunidade representa não só uma melhoria na saúde, mas uma crescente conscientização da população em geral. O movimento pontua que os ganhos vão desde a melhoria na saúde da população, como queda do colesterol, diabetes e pressão arterial, a um freio na produção agropecuária que, segundo a Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil, representa mais de 80% do gasto de água anual no mundo, enquanto o abastecimento humano gasta apenas 10%.

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