Inteligência artificial pode impactar o mercado de trabalho

Estudo realizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) constata que a inteligência artificial (IA) transformará a economia global. Ela pode auxiliar algumas profissões mas, também, substituir outras

Por Gabriel Castro e Regina Rita

Nos últimos anos, com o desenvolvimento acelerado dos processos tecnológicos, uma inovação científica que parecia muito distante de nossa realidade já está presente em nosso cotidiano: a Inteligência Artificial. Também conhecida como IA, esse campo de aplicação e pesquisa da computação tem ganhado cada vez mais espaço, seja no campo acadêmico, pessoal e profissional. Com isso, as relações das pessoas com o trabalho já estão sendo impactadas, visto que as profissões tendem a se conformar e se adaptar com as inovações científicas ao longo do tempo. Isso nos leva à reflexão sobre o futuro das profissões com a inteligência artificial e suas consequências, tanto em profissões que já existem, como nas que estão surgindo. 

A todo instante, a sociedade vivencia evoluções no ramo da tecnologia mesmo sem perceber. Os processos tecnológicos acontecem e se atualizam constantemente, dando origem a mudanças significativas na sociedade por meio da ciência. A título de exemplo, com o desenvolvimento da inteligência artificial – que é uma tecnologia capaz de simular, por meio de computadores e máquinas, resoluções de problemas e execuções de tarefas com linguagem complexa semelhante à interação humana. Ela é focada no desenvolvimento de sistemas e algoritmos, além de ser capaz de armazenar todo o conhecimento já publicado, como um grande banco de dados. Sendo assim, uma das principais propostas da IA é a automatização de processos, aperfeiçoamento de tarefas e solução de problemas considerados complexos para os seres humanos.

Com o avanço e desenvolvimento de uma inovação científica tão grandiosa quanto essa, este advento e suas respectivas consequências para a sociedade podem ser relacionados à era da Primeira Revolução Industrial, por exemplo. Em meados dos anos 1760 até por volta de 1850, na Inglaterra, a Primeira Revolução Industrial contribuiu para a ascensão das máquinas. Isso quer dizer que, com o desenvolvimento das indústrias, a manufatura foi substituída pela “maquinofatura”. Dessa forma, ocorreram mudanças nas relações de trabalho e no modo de produção das mercadorias. Os trabalhadores, que antes produziam tudo manualmente, foram sujeitos a se adaptar às suas novas funções, como o manejo de máquinas, com o objetivo de aumentar a capacidade produtiva. Com o passar dos anos e dos avanços tecnológicos, essa tendência da reestruturação e adequação das profissões continua acontecendo, e pode ser visualizada também no campo das novas tecnologias de inteligência artificial. 

Enok Michael Oliveira, de 27 anos, atua em uma empresa global de inteligência artificial, a Scale AI, gerenciando e coordenando projetos que contemplam várias frentes da IA, além de prezar pela factualidade, veracidade dos fatos e segurança dos dados. Segundo Oliveira, sua experiência profissional só é possível graças ao surgimento da inteligência artificial, que abriu portas para a implementação do seu emprego no mercado de trabalho. Além disso, Enok experimenta como a IA pode agregar, facilitar e agilizar alguns processos para o ser humano. Indo contra o pensamento de que a IA é capaz de substituir determinados empregos, o profissional acredita que esta inovação científica se apresenta como uma aliada, não só em seu trabalho, mas em inúmeras outras áreas de atuação.

Conforme estudo realizado em janeiro de 2024 pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a inteligência artificial transformará a economia global. Ela afetará quase 40% dos empregos em todo o mundo, complementando alguns deles e, eventualmente, podendo até substituir outros. Em economias avançadas, este impacto abrange cerca de 60% das profissões, onde aproximadamente metade dos empregos podem se beneficiar com a integração da IA e a outra metade pode sofrer consequências negativas. Ainda segundo o estudo do FMI, a capacidade da inteligência artificial de executar tarefas que são realizadas pelos humanos pode reduzir a demanda de mão de obra, uma vez que as contratações serão reduzidas. 

Por outro lado, há ganhos com a inteligência artificial, como a pesquisa que está sendo realizada na Universidade Federal de Viçosa (UFV) pelo departamento de informática em conjunto com o Departamento de Medicina e Enfermagem da UFV para buscar soluções de  acessibilidade do deficiente visual a partir da implementação da inteligência artificial. A pesquisa está sendo coordenada pelo professor do Departamento de Informática da UFV, Daniel Louzada Fernandes. Seu objetivo é utilizar IA para descrever o mundo para as pessoas com deficiência visual, para que elas possam imaginar e visualizar as cenas a partir da riqueza de detalhes fornecidos. No entanto, Daniel entende que a inteligência artificial está sujeita a erros e não funciona sozinha. O abastecimento de informações é realizado por humanos, fornecendo dados apurados e completos para que a IA realize tarefas específicas. Assim, surge a necessidade de pessoas capacitadas compondo as equipes que trabalham nessa área, abastecendo essa tecnologia com conteúdos verídicos e com informações seguras.

Esse é o caso …

À medida que as tecnologias de inteligência artificial avançam, seus impactos na sociedade e no ramo profissional vão se tornando cada vez mais perceptíveis. Contudo, pela velocidade com que essa tecnologia se desenvolve, é difícil delimitar com precisão o seu futuro. Por um lado, a IA atua como uma aliada para que alguns profissionais otimizem suas tarefas, além de possibilitar o surgimento de novos empregos. Por outro, surge a necessidade de profissionais cada vez mais capacitados, além da possibilidade de redução de mão de obra em determinadas áreas. Neste contexto, uma coisa é certa: as pessoas que acompanharem as tendências do mercado e se demonstrarem aptas às mudanças e inovações, estarão um passo à frente nesta era de transformações tecnológicas.

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