Numa escala de ecobag a boicote, quão “sustentável” você é?

Crescente conscientização ambiental da juventude reflete em novos hábitos de consumo e promove mudanças culturais

Por Felipe Leite e Lenith Guimarães

Quando se pesquisa sobre a “Geração Z” uma das principais características apontadas é a sua crescente conscientização sobre questões sociais e ecológicas. Segundo dados da Cone Communications, quase 30% desse grupo etário está preocupado com pautas ambientais, o que reflete diretamente em seus hábitos de consumo. Muitos, por exemplo, já não aceitam empresas que realizam testes em animais, optando por produtos de fabricação ética e vegana.

Tayna Silva (@_pretay) é de Belém – PA e cria conteúdo online sobre justiça racial e climática em suas redes sociais. Na sua percepção, a Geração Z tem se engajado mais nas causas ambientais e esse comportamento pode ser consequência da própria crise climática que está cada vez mais severa.

“Isso também cria novas urgências, ações cada vez mais cedo. Tenho visto pessoas entrarem no movimento climático e ambiental cada vez mais cedo, enquanto ainda são crianças, por exemplo.”

Reprodução: Acervo pessoal

No entanto, é necessário questionar: até que ponto essas ações estão gerando mudanças significativas para o planeta? Consumir produtos orgânicos, usar ecobags e canudos de inox ou boicotar empresas fazem alguma diferença?

O professor do Departamento de Biologia Geral da UFV, Carlos Sperber, defende a ideia de que a verdadeira mudança depende não apenas de atitudes individuais, mas de decisões políticas que promovam práticas sustentáveis e ofereçam condições realísticas para colocar em prática esse modelo de produção e consumo. 

“Eu acredito que seja função não só minha como professor, mas de todos nós que estamos em um contexto de privilégio em uma universidade federal, de conscientizarmos o coletivo da causa real, de enfrentarmos o poder político que contribui para esse cenário catastrófico que estamos nos direcionando…”

Reprodução: Acervo pessoal

Tayna Silva concorda com o posicionamento de Carlos e não tira a responsabilidade ambiental das grandes indústrias, mas a influenciadora acredita que ações individuais têm um importante impacto positivo.

“Podem não gerar um impacto significativo em níveis globais, com uma significativa redução de emissões de CO2, por exemplo, mas geram uma nova cultura de consumo e de viver no mundo, criam novos olhares para a coletividade e, quando politicamente posicionadas, também para as grandes empresas.”

Como resultado, muitos jovens estão adotando um estilo de vida mais consciente. Dados da mesma pesquisa da Cone Communications revelaram que 67% da geração Z está disposta a pagar mais por produtos e serviços sustentáveis e 57% afirmam estar mais propensos a apoiar marcas que se comprometem com iniciativas sustentáveis.

Um exemplo de iniciativa sustentável seriam os brechós, que têm se tornado uma prática cada vez mais comum entre os jovens da Geração Z. “Garimpar” em brechós e bazares é uma maneira de promover o consumo consciente e reduzir o impacto ambiental associado à indústria da moda, além de ser uma forma de adquirir peças únicas e de qualidade a preços mais acessíveis.

O crescente interesse pela “moda consciente” é um reflexo direto do poder das redes sociais. Influenciadores e consumidores têm promovido a ideia de que a moda sustentável pode ser tão estilosa quanto a moda convencional, mas com a vantagem de ter um menor impacto ambiental. Esse comportamento evidencia um desejo da Geração Z por mudanças mais profundas nos padrões de consumo, mostrando que, para muitos, o caminho para um futuro mais sustentável começa com escolhas mais informadas e conscientes no dia a dia.

“Vejo que as redes sociais estão criando cada vez mais novos modos de ensino, aprendizagem e cultura, o que impacta diretamente todos nós. Acredito que essa é a nossa virada de chave dentro do movimento ambiental, quando conseguirmos utilizar essas ferramentas para lutar por justiça social, racial e climática. As juventudes estão cada vez mais fazendo isso e incentivando outras gerações também”, reflete a greeninfluencer Tayna.

A jornada em direção a um “futuro sustentável” é bastante complexa, mas o fato é que exige uma integração de esforços individuais e coletivos. E esses esforços devem partir de cada um, seja na forma de um grande artigo sobre o meio-ambiente, uma ação ecológica em grupo, um vídeo para redes sociais contando a história do seu território ou, até quem sabe, uma simples reportagem como a que você está lendo agora.

E se você tem curiosidade de saber mais sobre esse tema e descobrir quão “sustentável” você é numa escala de ecobag a boicote, faça o nosso quiz abaixo:

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