Demanda por tratamento para a saúde mental cresce entre os jovens no pós-pandemia

O acompanhamento de médicos especializados e psicólogos é fundamental. A automedicação deve ser evitada, pois sempre gera consequências ainda mais sérias.

A adolescência e os primeiros anos da vida adulta são períodos repletos de transformações, tais como mudar de escola, deixar o lar e iniciar a universidade ou um novo trabalho. São momentos emocionantes para muitos, mas também podem trazer consigo estresse e preocupação. Os sentimentos podem aflorar e, muitas vezes, desencadear transtornos mentais debilitantes que interferem no dia a dia da pessoa. Hoje, segundo o relatório anual do Estado Mental do Mundo, o Brasil é o país que possui o terceiro pior índice de saúde mental em um ranking com 64 países, ficando atrás apenas do Reino Unido e da África do Sul.

Mas cuidar da saúde mental não é tarefa fácil, ainda que ela seja hoje considerada como um bem precioso e essencial para o bem estar do indivíduo e que, portanto, deveria ter sua atenção priorizada da mesma forma que a saúde física. São problemas que acometem as pessoas de forma geral, mas que,  após a pandemia da Covid-19, tornaram-se mais aparentes entre os jovens, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, aumentando a demanda desse público por consultas com psicólogos e psiquiatras. Entretanto, ainda há muitas barreiras para poder procurar essa assistência e uma delas é o valor da consulta. A Tabela de Referência Nacional de Honorários dos Psicólogos, atualizada pelo INPC-IBGE em julho de 2022, mostra que uma consulta (sessão) pode variar entre R$ 120,00 a quase R$ 400,00, mas dependendo do profissional e de outras variáveis como o tempo e a frequência da terapia, se semanal ou quinzenal, se a pessoa possui plano de saúde ou não, segundo a Rede de Atendimento Psicológicos, também podem impactar nos custos do tratamento. Diante disso, surgem os questionamentos: quanto custa, de fato, o acompanhamento de um psicólogo ou um psiquiatra? Afinal, há como mensurar um valor para cuidar da própria saúde mental, para desenvolver o controle emocional e para se aprofundar no autoconhecimento? 

É fato que, na vida moderna, a terapia tem se confirmado como alternativa muito importante no dia a dia das pessoas e como investimento voltado para o crescimento pessoal. Quando a pessoa decide fazer terapia, deve tomar decisões com base no que acredita ser melhor para o seu bem-estar, seja esse emocional, financeiro, psicológico ou profissional. Porém, não existe uma definição oficial para o conceito de saúde mental, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), pois os sintomas podem variar de pessoa para pessoa.

Medicamentos de tarja preta
Foto: Monique Mendes

Talvez pelo desconhecimento da importância do tratamento e por acreditarem que os custos sejam altos, muitas pessoas optam por um caminho que acreditam ser mais rápido para sanar seus problemas, fazendo o uso inadequado de remédios, muitos deles considerados tarja preta, cuja venda só poderia ser feita mediante prescrição médica, por acreditarem ser essa uma solução mais rápida e mais barata do que o tratamento com um profissional. Segundo dados divulgados pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade, mais de 70% da população brasileira toma remédio sem receita. No entanto, a prática de se automedicar, apesar de ser comum entre a população, é considerada perigosa pelos médicos, conforme dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a situação da automedicação se agrava quando a pessoa insiste em manter o hábito na tentativa de cura sem acompanhamento médico. 

Conforme a psicóloga que atua na área de assistência estudantil, a Divisão Psicossocial, da Universidade Federal de Viçosa, Letícia Alvares, apesar de trazer essa sensação de “alívio imediato” do sofrimento, tomar medicamentos sem receita, em especial os “tarja preta”, é uma prática muito complicada, pois pode trazer sérios riscos à saúde da pessoa uma vez que todo medicamento gera efeitos colaterais. No longo prazo então, os impactos e efeitos colaterais podem trazer consequências muito complicadas em termos de saúde física e mental para o indivíduo.

Compartilhe nas redes sociais:

Deixe seu comentário!

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *