Matéria escrita por Felipe Azevedo e Vitória Maria
Quem passa pela Avenida Bueno Brandão, localizada no centro de Viçosa, percebe que por ali existem alguns casarões históricos, que remontam a tempos antigos da cidade. Um deles, em específico, se destaca também pelo seu envolvimento na cultura local. Situado no encontro da Rua Verano Faria com a Bueno Brandão, a casa de cor magenta foi planejada para ser um imóvel familiar, e ficou alguns anos vazia até ser escolhida para abrigar bares que se estabeleceram como pontos de encontro da população.
Segundo Helena Fortes, chefe do Departamento de Patrimônio Histórico, vinculado à Secretaria Municipal de Cultura, Patrimônio Histórico e Esportes de Viçosa, o imóvel está classificado como bem inventariado do município desde 2009. O próximo passo para o tombamento do casarão é o envio completo da documentação para o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), já que a ação não foi finalizada na época.
O B-side, pub sediado no espaço de 2017 a 2019, era conhecido como um ambiente com festas diversas e um dos principais pontos de diversão do público LGBTQIA+ na cidade. Sem a pretensão de apostar em um único estilo musical, os proprietários do local até tentaram investir em gêneros como o rock, mas logo cederam aos sucessos do pop e do funk como forma de cativar os frequentadores e não cair na mesmice.
Dalton Azevedo, um dos fundadores do bar, comenta que a ideia surgiu durante as ocupações estudantis que ocorreram na Universidade Federal de Viçosa em 2016, enquanto o jovem era estudante de Ciências Biológicas. Em parceria com uma colega, ele começou a planejar um negócio que pudesse receber eventos voltados à diversão da comunidade, principalmente a universitária.
Apesar do sucesso inicial, os problemas envolvendo o isolamento acústico do lugar e a aglomeração de pessoas nas ruas próximas foram manchando a reputação com a vizinhança. Em 2019, após dois anos de existência, o B-side fechou suas portas devido ao baixo retorno financeiro que gerava. “Infelizmente, foi caindo a movimentação e a gente teve muito gasto que não era fixo. Acabamos tendo que fechar” – declara Dalton, que atualmente mora em Curitiba.
Já com o McBee, o processo de criação do bar foi diferente. Mateus Fialho, proprietário do local, conta que vem de uma família de comerciantes envolvida com bares – especialmente, bares musicais. A ideia foi trazer para o pub gêneros pouco explorados nos outros estabelecimentos da cidade, como Rock, Samba, Forró, Baião e Jazz. Aliás, foi desse último gênero que veio a inspiração para o nome do espaço, em homenagem ao contrabaixista Cecil McBee.
A equipe do pub passa por um processo de curadoria para conhecer os artistas da cidade e da região e convidá-los para se apresentar no McBee. Nele, se apresentam artistas experientes e novatos, que ganham a atenção do público com suas performances.
Mateus destaca a importância da atuação junto aos músicos que trabalham com os gêneros musicais ofertados no bar e que não têm muitas oportunidades em outros estabelecimentos na cidade. ”Quem trabalha com gêneros que não são muito comerciais, acredito que está bem servido aqui”, conta.