terça-feira, dezembro 3

Protagonismo feminino e autenticidade da banda Hot Kiss

Por Francielle Paixão, Jaqueline de Holanda e Thaís Poubel

Nesta matéria, a equipe de reportagem acompanhou um ensaio da banda Hot Kiss e entrevistou as integrantes. Na oportunidade, as musicistas partilharam a trajetória delas enquanto grupo, seus trabalhos e expectativas no cenário musical em Viçosa e região.
Ensaio da banda Hot Kiss, no estúdio Centro. Por Jaqueline de Holanda, Francielle Paixão e Thaís Poubel.

A banda alternativa Hot Kiss surge num contexto situado em Viçosa, na região da Zona da Mata mineira, cidade universitária conhecida pelo seu cenário cultural diverso. Misturando referências do rock, do pop e metal, elas vem conquistando espaço e um público cada vez mais diverso.

Guiada pelo interesse no estilo, a ideia de formar uma banda composta por mulheres sempre acompanhou Gláucia Bueno, 31, com nome artístico ‘Glau’ Bueno, que chegou a Viçosa no ano de 2009 para cursar Dança na Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Seu interesse pelas artes se expandiu para a música, mas ela percebeu que as mulheres não tinham o mesmo espaço na área. Isso a motivou a começar um grupo que tocasse canções de bandas e de vocal feminino, do movimento do rock.

“E a princípio, eu cantava e sempre estava na busca de encontrar mulheres que tocassem e topassem formar uma banda comigo. Mas era muito difícil achar instrumentistas”,

reforça Glau Bueno

Onde estavam as instrumentistas?

Apesar de menos espaço e protagonismo, a fundadora da Hot Kiss, Glau Bueno, diz perceber um avanço em relação à presença e reconhecimento das mulheres neste cenário.

Em 2018, iniciou a primeira formação da Hot Kiss, composta por Glau Bueno na guitarra, Ligya Curcio no vocal, Sumayra Baêta, na bateria e Léo Paniago, no baixo. Depois de vários ensaios, estudos e pequenos shows, eles fizeram sua primeira apresentação oficial, no Festival Nico Lopes, evento estudantil e tradicional em Viçosa.

Primeira formação da Hot Kiss – foto: Arquivo pessoal

Embora as instrumentistas não fossem todas mulheres, a premissa de executar músicas de compositoras norteou a formação da banda e não comprometeu a finalidade inicial.

Os meses iniciais da Hot Kiss foram dedicados a busca por entrosamento e identificação com a essência de reproduzir músicas compostas por mulheres. Lygia acrescenta que esse tempo foi essencial para o aperfeiçoamento delas enquanto profissionais, pois ensaiavam sempre que podiam.

Em entrevista, Glau conta que já no ano de 2019, Sumayra não pode mais se dedicar aos ensaios e apresentações. Neste intervalo, conheceram a baterista Kamila Caliman, que na época tocava na Maldivas – primeira banda viçosense formada por mulheres -, e então foi convidada para fazer um teste na banda.

“Foi super legal, ela conhecia as músicas, gostava das nossas ideias, abraçou demais a proposta e a gente ficou nessa formação por muito tempo”.

conta Glau, em entrevista.

Pandemia e oportunidades

Durante a pandemia, em 2020, com a impossibilidade de fazer shows, a banda recebeu o incentivo da lei Aldir Blanc através dos editais da Prefeitura Municipal de Viçosa, com recursos da Secretaria de
Cultura do Governo Federal.

Com isso, a fundadora da Hot Kiss afirmou que foi possível custear a gravação do primeiro EP da banda, Hot Lies com 5 músicas autorais, lançado em 2021, oficialmente em todas plataformas digitais.

Confira:

Formação atual da Hot Kiss

Após a gravação do EP, Camila e Léo não puderam mais integrar a banda, como detalharam a vocalista Lygia e a guitarrista Glau. Após isso, as duas se uniram para resgatar a vontade de trabalhar numa banda composta por mulheres.

Nesse recomeço pós-pandêmico, conhecem Isabella Figueiredo, baixista, e Tiffany França, baterista, que logo entram na banda. Composta por quatro membros, a Hot Kiss recebe o convite para se apresentar na live em comemoração ao aniversário da cidade, seguindo um calendário cultural de várias semanas.

“Foi uma ótima oportunidade e experiência. Muito ótima mesmo. Ensaiamos bastante e foi muito legal”

Glau Bueno sobre a live de comemoração aos 150 anos de Viçosa

Entretanto, a baterista Tiffany precisou ir embora de Viçosa, e mais uma vez tiveram que ir a procura de uma percussionista para compor a banda. Foi então que conheceram Jovânia Alves, baterista freelancer, que tocava em bandas maiores, de baile, e a convidaram para compor a banda.

“Quando eu entrei achei bem diferente, porque eu nunca tinha imaginado poder tocar em uma banda formada só por mulheres. Até o momento eu só havia tocado em bandas majoritariamente masculinas, e é bem diferente”,

nos conta Jovânia

Hoje com quase um ano dessa nova formação, Glau, Isa, Jovânia e Lygya nos contam que em breve vão lançar mais um novo EP. Desta vez, pretendem protagonizar toda a etapa de produção da gravação.

Acompanhe a Hot Kiss nas redes sociais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *